Evento da FLB-AP reuniu militância, intelectuais e juventude em torno da reforma agrária e do legado das Ligas Camponesas
A trajetória de Francisco Julião e das Ligas Camponesas foi celebrada na última sexta-feira (31), na sede do PDT-AL, em Maceió, com o lançamento da cartilha “Francisco Julião”. A atividade integra a série comemorativa pelos 70 anos do maior movimento agrário da história do Brasil, coordenada pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP).
Organizado pela FLB-AP em Alagoas, sob a coordenação do jornalista Alexandre Câmara, o evento contou com palestra do sociólogo Henrique Matthiesen, coordenador nacional do Centro de Memória Trabalhista (CMT) e organizador editorial da cartilha. Em uma fala incisiva e pedagógica, Matthiesen destacou o legado político de Julião como força viva no presente: “Existem vidas que não cabem em um só tempo, nem em um só corpo. Há ideias que permanecem como sementes de revolução”.
Mais do que um resgate histórico, o encontro se transformou em espaço de reflexão crítica, convocando a militância a valorizar a ação nas bases, retomar o espírito combativo da esquerda e conectar passado e futuro por meio da formação política e do engajamento popular.
Entre os presentes estavam lideranças como Nelson Tenório, vice-presidente estadual do PDT-AL; Fernando Antônio, coordenador dos núcleos de base; Ricardo Nazário, do Movimento Sindicalista; e Moacir Rocha, do Comitê da Verdade, Memória e Justiça. Também marcaram presença figuras como a militante Olga Miranda, filha do advogado Jayme Amorim de Miranda, sequestrado e morto pela ditadura militar em 1975, e o rapper e influenciador Alex NSC, que tem usado sua arte como instrumento de denúncia social.
A noite também foi marcada por momentos simbólicos. Jovens como Tawan Lucas e João Victor decidiram se filiar ao PDT durante o evento, emocionados pelo ambiente de pertencimento e compromisso com um projeto político voltado à transformação da realidade.
Embora ausente por questões de saúde, o nome de Ronaldo Lessa, ex-governador e referência do PDT em Alagoas, foi lembrado pelos presentes como símbolo de indignação ativa e inspiração para a retomada do partido como força viva dos movimentos populares.
A cartilha “Francisco Julião” faz parte da série Memórias Trabalhistas, desenvolvida pelo Centro de Memória Trabalhista da FLB-AP, e reúne textos de Carlos Lupi, André Figueiredo e Manoel Dias. A publicação reforça a centralidade da reforma agrária no projeto nacional trabalhista e reafirma o compromisso histórico do PDT com a luta pela justiça social no campo.