Darcy Ribeiro – Um homem chamado fazimento


Por Hari Alexandre Brust
18/02/2019

“Comi a vida sôfrego. Ainda como, ávido, sem nenhum fastio ou tédio. Quero é mais. Para isso fui feito. Para comer a vida. Para agir, para pensar, para escrever. Isso sou eu. Máquina de pensar, de fazer, faminto de fazimentos. Cheio de fé nos homens, nas gentes.”

Darcy Ribeiro

Em 17 de fevereiro de 1997, os brasileiros perderam a presença física do mestre Darcy Ribeiro. Antropólogo, escritor e político, ao lado do baiano Anísio Teixeira, notabilizou-se pelo seu foco na educação. Foi Ministro da Educação e Chefe da Casa Civil do presidente João Goulart. Cassado pelo golpe militar de 1964, ficou exilado no Uruguai. No primeiro governo de Brizola no Rio de Janeiro, então vice-governador, criou os CIEPS – Centros Integrados de Ensino Público e fundou e implantou a Universidade do Norte Fluminense que leva o seu nome. Eleito Senador pelo Rio de Janeiro em 1990, exerceu o mandato até a sua morte em 1997.

Em seu livro Aos Trancos e Barrancos, O Brasil deu no que deu, escrito há mais de 30 anos, Darcy advertiu:

“É hora de passar o Brasil a limpo, para que o povão tenha vez. No dia em que todo brasileiro comer todo dia, quando toda criança tiver um primeiro grau completo, quando cada homem e mulher, encontrar um emprego estável em que possa progredir, se edificará aqui a civilização mais bela deste mundo.

Ponha o ombro no andar, companheiro, faça força você também. Se não cuidarmos deste País que é nosso, os gerentes das multi e seus servidores e sequazes civis e militares continuarão forçando o Brasil a existir para eles.”

“Termino esta minha vida exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras.

A você que fica aí, inútil, vivendo vida insossa, só digo: “Coragem.” Mais vale errar, se arrebentando, do que poupar-se para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida.

Essa é aqui e agora, a nossa parte. Depois, seremos matéria cósmica, sem memória de virtudes ou de gozos. Apagados, minerais. Para sempre mortos.”

Darcy Ribeiro

*Hari Alexandre Brust é membro da Executiva Estadual do PDT e presidente da Executiva Municipal de Salvador.