Darcy Ribeiro e a identidade do povo brasileiro hoje

Foto: Berta Ribeiro

Darcy Ribeiro com índios Kadiweu, no Mato Grosso do Sul. em 1947.


Por Lauri Bernardes
28/10/2019

O Brasil está vivendo um momento difícil, embora não o pior de sua história, que inclui golpes, ditaduras, escravidão e tantas outras atrocidades. Porém, em meio a tanta turbulência, o povo brasileiro parece ter esquecido também parte da sua identidade. Aquela de quem tanto falava Darcy Ribeiro, que no dia 26 de outubro de 1922, nascia. A identidade de um povo novo: mestiço, multicultural, alegre e trabalhador.

E isso não ocorre por culpa do povo, mas por vários outros fatores mais poderosos que o levam a crer que toda aquela identidade estava errada. Forças que possuem a “perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso”, como o próprio Darcy Ribeiro descreveu.

São essas forças que deixam o povo em dúvida na defesa ou não da sua maior riqueza natural, que é a Amazônia – seu maior patrimônio –, como também sempre lembrou Darcy. São elas, também, que fazem parte do povo trabalhador defender uma reforma que tira seus direitos históricos, enraizados e adquiridos há mais de 75 anos.

As mesmas forças que querem fazer com que  o país do carnaval odeie carnaval. Que o país dos indígenas odeie índios e quite suas terras. Que a educação seja cada vez menos pensante e mais ignorante. E que essa educação seja também restrita, ao contrário do que sempre defendeu Darcy, criador de duas universidades públicas e mais de 500 centros de educação integral no Rio de Janeiro.

Eles querem que o povo perca tudo isso que faz parte de si, mas, em mais uma passagem do aniversário de Darcy Ribeiro, é nosso dever lembrar o que somos de verdade. E como ele disse: não nos resignarmos jamais perante aos ataques à nossa identidade, cultura, e direitos. Continuemos lutando.

 

*Lauri Bernardes é historiador, presidente estadual e secretário-geral nacional do Movimento Cultural Darcy Ribeiro (MCDR)