Um dos maiores defensores da educação como saída para o desenvolvimento do País, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez ontem uma palestra na Faculdade Maurício de Nassau sobre o tema A Nova Esquerda e o Futuro da Educação no Brasil. O evento é preparatório da Conferência Caio Prado Júnior, que o PPS promove em Brasília de 17 a 19 deste mês. Cristovam veio ao Recife a convite do deputado federal Raul Jungmann, presidente regional do PPS. O Brasil precisa de uma revolução, afirmou, ao apresentar uma proposta alternativa de articulação das esquerdas.
Desde as eleições de 2006, quando foi candidato à Presidência da República, Cristovam defende uma revolução baseada na educação e na ecologia. São as duas pernas que levariam a uma utopia de garantir a todo brasileiro ou brasileira a mesma chance na vida. A utopia sai da economia, da igualdade da renda e do conceito de propriedade, defendeu. Ele acredita que isso só será possível quando todos os cidadãos tiverem direito a uma escola igual. Esse é o radicalismo da esquerda hoje. A escola tem que ser igual para todos, disse.
Quanto à ecologia, Cristovam Buarque defende um desenvolvimento sustentável, respeitando a natureza, para garantir a mesma chance entre gerações. Porque se educarmos todo mundo hoje e não cuidarmos da natureza, daqui a 30 ou 50 anos vamos estar todos igualmente fritos, por causa do aquecimento global, previu.
Segundo o senador, esse processo de transformação social seria baseado em outros quatro pontos iniciados pela letra E. Primeiro é a eficiência onde está o crescimento econômico e o fim desse apagões terríveis que vivemos hoje. O segundo é a ética no comportamento do políticos e também nas prioridades da política. Não basta parar de roubar. É preciso aplicar o dinheiro a serviço do povo. O terceiro é a pilastra do emprego. A educação vai garantir emprego para as crianças de hoje. Mas os adultos não vão mais garantir emprego a partir da educação. É preciso um programa para eles. A quarta pilastra é a estabilidade, não só da moeda, mas estabilidade das regras da política, por exemplo, argumentou.
A intenção do parlamentar é arregimentar outros partidos de esquerda para a causa. Quem vai conduzir esse processo não são os partidos baseados nas siglas atuais, será um partido baseado nesta causa. Vão haver partidos-causa e partidos-sigla, como foi no abolicionismo. Proponho a constituição desse partido da causa da revolução, que assegure a mesma chance a todo o brasileiro. Por isso sou do PDT e vim ao PPS, explicou.
Jornal do Comercio/PE