Dados do Instituto Nacional do Câncer mostram que 600 mil novos casos da doença são registrados a cada ano no Brasil. A expectativa é de que até 2030 o câncer supere as doenças cardiovasculares como primeira causa de morte da população. Para tentar enfrentar as várias dificuldades de diagnóstico e tratamento, Câmara e Senado criaram nesta quarta-feira (13) a Frente Parlamentar em Prol da Luta contra o Câncer.
Segundo a coordenadora do grupo, deputada Silvia Cristina (PDT-RO), uma das prioridades da frente é incentivar a pesquisa de novos tratamentos e medicamentos. A parlamentar, que teve câncer de mama em 2006, se preocupa também com as dificuldades de acesso que a população como as do seu estado, Rondônia, e da região amazônica em geral, enfrentam.
“Nós ainda temos dificuldade de acesso à radioterapia, as filas ainda são grandes, já tivemos muitas dificuldades de leitos, mas especialmente na Região Norte, a qual eu represento, nós temos ainda muitas dificuldades com relação a diagnóstico e prevenção. Esses exames não chegam na rapidez que deveriam chegar para que a pessoa descubra o câncer em estágio inicial para começar um tratamento”, disse.
O lançamento da Frente Parlamentar contou com a presença de várias entidades da sociedade civil que combatem o câncer. Joana Jeker, da Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília, levou um grupo de vítimas de câncer de mama para chamar a atenção para o projeto de lei (PLC 143/2018) que determina o prazo máximo de 30 dias para que a suspeita de câncer seja confirmada por biópsia no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta já passou pela Câmara e está sendo analisada pelo Senado.
Outra prioridade da frente parlamentar mista é a redistribuição orçamentária, para evitar que entidades de tratamento e apoio aos doentes de câncer vivam com as contas no vermelho. Para o oncologista Sérgio Petrilli, diretor superintendente do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), que mantém um hospital em São Paulo, o apoio de deputados e senadores é essencial.
“Cerca de 90% dos nossos pacientes do Graacc são do SUS. Isso faz com que a nossa receita seja abaixo da metade do que a gente gasta. Então é fundamental que a gente consiga outros recursos, na linha de emendas parlamentares, na linha de renúncia fiscal, na linha de deixar com que a gente, sendo entidade filantrópica, possa conseguir dinheiro dentro da sociedade civil”, disse.
Durante o lançamento da frente parlamentar, a deputada Silvia Cristina também propôs a criação de uma comissão permanente da Câmara para tratar exclusivamente dos assuntos da saúde, que hoje estão na esfera da Comissão de Seguridade Social e Família.