Como combater a extrema direita na era das fake news?


Por Mário Arthur Sampaio
19/09/2024

No primeiro debate entre Kamala Harris e Donald Trump, realizado pela ABC News, no último dia 10, visando a escolha do próximo presidente dos Estados Unidos, o candidato republicano afirmou que a população de pets – cães e gatos – de Springfield (Ohio) tinha diminuído devido aos imigrantes haitianos que, segundo ele, eram responsáveis por matá-los e comê-los.

Lá, onde os debates não são esse circo de horrores que temos vivido aqui no Brasil, o apresentador desautorizou Trump, dizendo que não havia nenhuma prova para tais acusações. O candidato, então, atribuiu o aumento da criminalidade à presença de imigrantes, no que foi desmentido pelo prefeito da cidade, o também republicano Rob Rue.

Não se enganem. Esta é a estratégia da extrema direita mundial – de Trump a Marçal, passando por Bolsonaro a Abascal, Milei e Le Pen. Mentiras, que se aproveitam de preconceitos seculares dos esquecidos pelo desenvolvimento do capitalismo, na era da ditadura do Capital Financeiro, que só será derrotada quando surgir uma esquerda com coragem e capacidade de combatê-la.

E como combatê-la?

Há ações louváveis, como a do PDT, por meio da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (FLB-AP),  que por diferentes frentes tem capacitado os nossos quadros e militância com conteúdo e informação de qualidade, a fim de educar e preparar intelectualmente os nossos líderes para, na prática de cada gestão, combater, inclusive, o atraso, elaborando projetos de governos consistentes e coerentes com a ideologia do Trabalhismo, durante e depois das campanhas eleitorais.

No entanto, para além das iniciativas como a do PDT, a esquerda, em geral, a trabalhista, em particular precisa criar um ecossistema digital, “a consolidação de uma rede de comunicação na internet que multiplique as nossas mensagens políticas. A imensa gama de redes sociais e formatos de conteúdo precisam ser explorados, na medida das suas potencialidades, com o intuito de divulgar o trabalhismo em seu passado, presente e propostas para o futuro. É preciso que a formação política de nossos militantes forneça as ferramentas necessárias para a aprendizagem de métodos de criação e divulgação de conteúdo político pelos novos meios”, como afirma Bernardo Brandão em ‘Por um Trabalhismo Socialista e Presente nas Redes’, publicado na Tribuna de Debates do 6º. Congresso Nacional do PDT.

Ao lado, e paralelamente, é necessária a retomada do trabalho de base, nas periferias, nos sindicatos, associações de moradores, movimentos populares de desempregados, entre outros

 

* Mário Arthur Sampaio é filiado ao PDT, pós-doutor em História  pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.