As lembranças de Airton Dipp, ex-presidente do PDT gaúcho e ex-deputado federal, sobre o presidente João Goulart vieram através de relatos de seu pai, Daniel Dipp, que foi companheiro de bancada de Jango na Câmara dos Deputados, na década de 50: “Ele sempre dizia que Jango era uma pessoa muito sensível socialmente” e agregador – que sonhava com melhorias sociais e econômicas para o Brasil. Por isto defendia as reformas de base, que foram suprimidas pelo golpe militar.
Infelizmente – esta é a sua compreensão – interesses internacionais não permitiram que o Brasil avançasse com Jango, porque “Se não tivesse acontecido o golpe de 64, o Brasil de hoje seria mais justo e estaria muito melhor, em termos econômicos e sociais”. E este processo de dominação externa não acabou: “Infelizmente o que aconteceu em 1964 se repetiu, agora, de forma mais suave, mais envolvente”, pois afeta todas as instituições representativas do país.
Para Airton Dipp, Jango estava muito à frente do seu tempo, porque as reformas de base que pregava “dariam condições de desenvolvimento e conscientização a todos os brasileiros para os avanços que nós queríamos”.
Elas permitiriam que o Brasil, com soberania, se desenvolvesse e trouxesse, como resultante, oportunidades para todo o povo; ao contrário do ocorre com crescimento econômico a partir de investimentos internacionais e privatizações do patrimônio público.
“Se não tivesse ocorrido o golpe de 64, o Brasil de hoje não somente seria uma grande Nação por esta dimensão continental que tem, mas teria também uma dimensão econômica e social nos mesmos patamares dos países mais desenvolvidos” do mundo de hoje.
A deposição de Jango levou o Brasil “a um período duro, triste para a História brasileira, que nos levou a um atraso significativo de desenvolvimento”, afirmou; acrescentando: “Sem soberania não há crescimento de forma integrada – receberemos sempre migalhas dos interesses internacionais” que atuam no Brasil.
E concluiu:
– “Jango tinha capacidade e responsabilidade para fazer o que todos nós queremos: soberania com desenvolvimento. Perdemos com a sua deposição”.
Confira a entrevista completa abaixo: