Ciro defende desenvolvimento do parque industrial brasileiro

Foto: Leo Canabarro

Por Silmara Cossolino
12/09/2018

O candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, defendeu nesta quarta-feira (12), em sabatina do jornal O Globo, no Rio de Janeiro, o complexo industrial brasileiro. O presidenciável descartou a possibilidade de fechar mercado e disse que a ideia é escolher alguns setores da economia que serão beneficiados pelo governo.

“Nós estamos alimentando a ilusão de um país que tem aspirações modernas. E por que temos que ter uma indústria? Porque o nosso modo moderno de viver consome manufaturado e, manufaturado, nesse nível de sofisticação, custa muito mais caro que produtos in natura. A ideia não é fechar mercado. Quero escolher alguns protagonistas globais para o Brasil ter, na troca internacional, como pagar a conta de manufaturado”, destacou.

Ciro explicou que há quatro setores da economia brasileira com potencial do País ser competitivo e que serão beneficiados pelo governo: petróleo, gás e bioenergia; saúde; agricultura; e defesa.

“Nós somos um país que está se desindustrializando numa conta selvagem. O Brasil fechou treze mil indústrias nos últimos três anos, sendo 1.300 no último ano. Não fecha a conta! Então, quais os complexos? Você pega o balanço de pagamento e tira um critério: petróleo, gás e bioenergia”, elencou. “Faz sentido, o Brasil, que inventou o biocombustível, como o etanol, ser importador líquido de álcool?”, criticou, reiterando que o País tem 30% de capacidade ociosa e está importando óleo diesel e gasolina dos Estados Unidos.

O outro complexo industrial é o da saúde. Segundo o pedetista, o Brasil gastou, importando de outros países, US$ 17 bilhões de dólares nos últimos doze meses. “A proposta é produzir aqui tudo o que puder na área da saúde. Vamos virar o complexo global na área”, disse.

Em determinado momento da entrevista, Ciro disse que pretende criar um fundo de R$ 4 bilhões que premiará com R$ 100 mil as unidades de saúde pública com as melhores práticas, a serem avaliadas conforme metas atingidas.

“A saúde tem a ineficiência dos recursos aplicados. Temos que preservar o SUS. Pretendo estabelecer um caminho de avaliação e controle. Eu vou criar um fundo de R$ 4 bilhões que vai premiar com R$ 100 mil cada unidade de saúde que atingir metas e objetivos de mortalidade infantil, mortalidade materna, prevenção da diabetes, prevenção da hipertensão, com avaliação do usuário”, afirmou.

A agricultura é o terceiro setor a ser beneficiado. O pedetista criticou o fato do Brasil importar todos os defensivos e disse que a Embrapa terá papel fundamental. “Podemos fazer com a Embrapa toda uma geração de defensivos. Ela vai voltar a ter o protagonismo central no Brasil”, ressaltou.

O outro complexo é o da indústria da defesa. “Em nenhum lugar do mundo aceita uma operação absurda como essa”, criticou Ciro, em relação ao acordo da Embraer com a norte-americana Boeing.