O presidenciável Ciro Gomes participou, no último sábado (17), de um bate-papo com o Frente Favela Brasil (FFB). O encontro com o pré-candidato do PDT aconteceu na laje da sede do diretório estadual da FFB, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
Ciro Gomes falou sobre reformas, dentre elas as da previdência e tributária, além de responder a uma série de perguntas, incluindo segurança e a inserção do negro na política.
Durante o debate, foi questionado como o Poder Federal poderia ajudar o estado do Rio de Janeiro, não como uma intervenção, mas com estratégias de enfrentamento para coibir a violência.
Na avaliação de Ciro, é preciso agir com inteligência e informação no combate, e que não se enfrenta o crime organizado com aparatos, mas sim com inteligência e informação.
“O Brasil precisa criar um sistema nacional de segurança. Você tem que botar numa mesma base de organização todo o aparato de segurança ostensivo e o aparato de inteligência, que ninguém sabe que existe e é a chave para o enfrentamento”, disse.
Ciro explicou que não houve uma mudança legal a partir do surgimento da presença do narcotráfico. Para ele, as facções criminosas se tornaram uma novidade altamente sofisticada que não se comparam a nenhum episódio do mundo.
Ele reiterou que o Brasil conta com 700 mil presos, sendo 270 mil jovens, negros, pobres e favelados. Disse que o jovem acaba entrando no crime porque tem aspiração de consumo por aquilo que a vida real não pode lhe dar ou não lhe permite acessar.
Na roda de bate-papo, Ciro também foi questionado sobre governabilidade e como trataria de temas referentes a medidas antipopulares. O presidenciável argumentou que nesse quesito, seria “muito improvável” que qualquer presidente da República resolvesse por métodos tradicionais.
“E eu não vou deixar ninguém acreditar nisso, que eu tenha essa capacidade. O que eu proponho é mudar o ambiente onde essa mediação se faz, e isso eu sou bem treinado”, disse.
“Se eu permitir que o ajuizamento dos conflitos brasileiros se insira num ambiente de uma democracia representativa, elitista, reacionária, corrupta e fisiológica, e eu acreditar, como o Fernando Henrique quis fazer o Lula acreditar – e o Lula acreditou, também, que a forma de resolver essa contradição é coptá-los pela linguagem deles, isto é a certeza do fracasso. Então por este caminho eu não vou”, afirmou.
Na seara das reformas, Ciro ouviu que na periferia paga-se a mesma proporção de imposto e que “nada volta”, ao contrário dos grandes centros, onde o tributo volta em forma de saneamento, por exemplo. A dúvida foi, então, como poderia equilibrar essa equação.
“Hoje o povo mais pobre paga muito mais de imposto do que o povo rico porque a tributação sobre patrimônio no Brasil é uma tributação direta, e é muito fácil se evadir dela. E o pobre paga pesadamente tributação indireta”, disse, citando que no Rio de Janeiro, por exemplo, a tributação sobre herança é de 4%, enquanto que no Ceará, que é um estado muito pobre, cobra-se 8%.
“Nos Estados Unidos começa-se em 29% e vai a 45% e na Europa, é de 37% até 52%. E isso eu vou propor”, pontuou.
Em quase duas horas de “bate-papo na laje”, Ciro Gomes também conversou sobre a inserção de negros em espaços de poder e como faria essa gestão. Disse que o PDT conta hoje com um movimento muito forte e que estão preparando uma agenda.
Sobre a inserção das mulheres negras na política, disse que o tema está sendo aprofundado com o movimento da negritude no PDT.
O Frente Favela Brasil (FFB) é um partido político brasileiro democrático participativo, fundado em 2016. Tem como objetivo a luta pelos direitos da população afrodescendente, das favelas e dos pobres das periferias, além de promover o bem-estar coletivo e a justiça social.