“Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades”. Assim, em 1989, Cazuza já contrariava, a partir de músicas como ‘O Tempo Não Para’, a ordem e mostrava com suas letras a realidade de um país preconceituoso, problemático e, ao mesmo tempo, revolucionário. Nas entrelinhas, muitas vezes, a mensagem virava discurso para o ex-integrante do Barão Vermelho.
Reconhecido como um dos principais personagens do rock nacional, estruturou sua obra dando espaço para a representação da homossexualidade em um formato diferente, repleto de metáforas e carregado de cobranças e inundado por um estilo próprio. alternativo, não se deu de forma linear e única, pelo contrário, Cazuza tocou de diversas formas no assunto, a maioria das vezes nas entrelinhas e através de metáforas, como era seu estilo.
Em outro trecho da música, que marcou o final dos anos 80, ele critica a forma como a sociedade trata a questão no Brasil: “te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro. Transformam um pais inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
Dois anos antes, Cazuza deu um salto sobre a linguagem e mostrou, escancaradamente, sua visão sobre a homossexualidade. No disco “Só se for a dois”, ele relata em versos: “Eu ando apaixonado por cachorros e bichas (….) porque eles sabem que amar é abanar o rabo, lamber e dar a pata”.
“Politicamente correto”
O cantor e compositor brasileiro mostrava, em 1989, o caminho a partir da defesa de Leonel Brizola na eleição para o governo do estado do Rio de Janeiro. “Acho uma experiência fantástica, totalmente rock’n’roll. Brizola dá uma segurança pra gente. Ele é um cara socialista, um cara Mitterrand, me sinto muito feliz de viver nessa cidade que elegeu o PDT que foi execrado no Brasil inteiro”, afirmou, ao completar exaltando o partido: “Aqui vai nascer uma coisa nova que é rock’n’roll, uma coisa alternativa. O PDT é igual aquele sanduíche que vende na praia, alternativo.”
No dia 7 de julho de 1990, aos 32 anos, o cantor entra para a eternidade por um choque séptico causado pela Aids. O enterro reuniu milhares de parentes, amigos e fãs, que agradeceram com flores as alegrias de uma história musical genial.