Ao participar, na última quarta-feira (29) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), da apresentação do programa Minas Consciente do governo do estado para a reabertura do comércio em Minas Gerais, o deputado estadual Carlos Pimenta se mostrou preocupado com o risco de aumento de casos do Covid-19 em Minas Gerais. Segundo o parlamentar, o temor é grande para essa possível reabertura de alguns setores da área econômica nesse momento. “Isso poderia mudar o curso desse caminho que estamos trilhando tão bem”, questiona.
Conduzido pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Agostinho Patrus, o encontro que foi realizado no plenário da Casa, contou com a participação presencial do Secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, do deputado Carlos Pimenta, presidente da Comissão de Saúde e da presidente do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus, da UFMG, a professora e pediatra Cristina Alvim.
Entre as preocupações dos parlamentares através de participações remotas, estão a possibilidade de aumento no número de casos de Covid-19, falta de EPIs para profissionais de saúde, leitos e respiradores para pacientes. As dúvidas dos deputados foram respondidas também pela professora e pediatra Cristina Alvim, presidente do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus, da UFMG.
Em seu pronunciamento, Carlos Pimenta admitiu que, a despeito do cuidado demonstrado pelo governo, “a abertura do comércio causa preocupação, sobretudo em regiões com alta densidade demográfica ou próximas a São Paulo e ao Rio de Janeiro, uma vez que esses estados apresentam os mais altos índices de contaminação pelo coronavírus.” O parlamentar também apresentou os principais questionamentos dos membros efetivos da comissão, como o aporte de recursos para hospitais da rede estadual e a necessidade de se aumentar o número de testes da doença.
O Secretário reconheceu que o temor pela reabertura do comércio é um desafio. “É uma decisão difícil, que tem que ser tratada com muita transparência e rigor técnico. É preciso encontrar o equilíbrio entre os riscos econômicos e sanitários”, disse. Segundo o secretário, a decisão de se reabrir gradativamente a economia do Estado partiu da necessidade de se padronizar minimamente as ações dos municípios. Carlos Eduardo Amaral ainda garantiu que a Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig) poderá abrir mais 300 novos leitos e afirmou que o governo já enviou aos hospitais e a prefeituras do interior mais de R$200 milhões.
Retomada de atividades tem que ser monitorada
Durante a apresentação do programa Minas Consciente, Carlos Eduardo Amaral disse que o governo vai orientar a retomada gradual da economia junto com o monitoramento permanente das ações para contenção da Covid-19. Segundo ele, as medidas governamentais e o isolamento social de parte da população conseguiram desacelerar o avanço da doença, o que motivou cerca de 200 cidades a permitirem a volta de atividades antes suspensas. Daí a necessidade de um acompanhamento rigoroso, para que os benefícios iniciais das medidas de contenção não sejam perdidos.
A liberação das atividades será lenta e gradual, por ondas, começando por aquelas que envolvam menos risco de disseminação do coronavírus. Shows, cinemas, grandes eventos, clubes e atividades esportivas continuam suspensos. A retomada das atividades escolares presenciais será avaliada futuramente. Ainda segundo o secretário, o plano do governo prevê ações regionalizadas, mas não será imposto.
“Nosso papel é de coordenação, instrução e orientação, mas não faremos intervenção nos municípios”, afirmou.
Epidemia sem controle traria mais riscos para a economia
A professora Cristina Alvim, por sua vez, afirmou que a medida mais eficaz para evitar o colapso dos sistemas de saúde continua sendo manter o máximo de isolamento social possível. Para ela, é inegável que o isolamento social traz prejuízos econômicos, sociais e emocionais. No entanto, ela alertou que uma epidemia sem controle traz prejuízos muito maiores, inclusive para a economia.
Integrante de uma equipe de 30 pesquisadores, ela reforçou o fato de o vírus apresentar transmissão em larga escala e, mesmo não sendo tão letal quanto outros já conhecidos, levar para os hospitais de 15 a 20% dos atingidos.Na sua opinião, a quantidade de testes que Minas vem realizando não é suficiente para se fazer análises com segurança. “Com um número de testes tão baixo, a amostragem pode ficar comprometida”, avaliou.
O secretário de Saúde reconheceu que o Estado ainda não conseguiu adquirir um expressivo número de testes, por causa do desabastecimento mundial de insumos. Segundo ele, a maioria dos testes recebidos do Ministério da Saúde são do tipo que mede a imunoglobulina ou resposta imune à doença e serão destinados prioritariamente aos profissionais da área de saúde.
Na sua opinião, a quantidade de testes que Minas vem realizando não é suficiente para se fazer análises com segurança.
“Com um número de testes tão baixo, a amostragem pode ficar comprometida”, avaliou. Por sua vez, o comandante da comissão de saúde da ALMG, deputado Carlos Pimenta alertou sobre a realização dos testes rápidos disponibilizados em farmácias e drogarias. De acordo com o parlamentar, esses testes são um perigo. Só diagnosticam se a pessoa estiver com sintomas há mais tempo, ou seja, “a pessoa faz o teste, dá negativo, acha que não tem nada e sai por ai sem preocupação, sendo fonte contaminadora para grande parcela da população”, explica.
Ou seja, antes de priorizar a flexibilização do isolamento social, é necessário muito cuidado com a população para evitar a explosão do Covid em nosso estado que, até então, está muito controlada, conclui.