Carlos Lupi e Ciro Gomes visitam Aldeia Pitawá, no nordeste do Pará


Ester Marques
15/10/2019

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e o vice-presidente nacional do partido, Ciro Gomes, cumpriram uma extensa agenda, no último fim de semana, no estado do Pará. Os compromissos dos pedetistas incluíram diálogos com universitários,  eleição do diretório estadual e visita a Aldeia Pytawã, em Tome-Açú, no nordeste do estado.

Na noite de sexta-feira (11), Ciro conversou com os alunos da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre o Brasil e a atual situação da Amazônia. No sábado (12), pela manhã, conduziram a Convenção Estadual em Belém. Logo após, seguiram para a aldeia indígena onde receberam uma carta do povo Tembé-Tenetehara, onde manifestaram as principais reivindicações para os povos da Amazônia.

Na convenção, além de debateram a construção política, reconduziram a direção do partido no estado, elegendo o ex-deputado Giovanni Queiroz à presidência do partido no Pará, Álan Pombo ao cargo de secretário, e os deputados estaduais Miro Sanova e Júnior Hage à vice-presidência.

Na ocasião, Ciro criticou a postura do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e frisou que a população precisa acreditar que o Brasil pode seguir caminhos melhores.

“Ódio nunca foi bom conselheiro, e nas eleições de 2018 nosso povo demonstrou estar machucado pela frustração do governo Dilma e pela crise econômica mais extensa do Brasil, e, assim, foi impedido de parar para pensar. Hoje assistimos um governo despreparado. A Presidência da República está no epicentro da mais grave crise econômica e social e a relação internacional do Brasil se destruiu em seis meses. E ele [Bolsonaro] cuida de agravar esse problema com seu desatino, despreparo e palavras jogadas ao vento. Assim, Bolsonaro está alinhando o Brasil de forma entreguista a uma única potência e vem sendo enganado”, afirmou Ciro Gomes.

Ao falar sobre a força do PDT no Pará e do respeito que nutre pelos paraenses, Ciro disse que o PDT levará desenvolvimento para o estado do Amazonas e para Brasil.

“O PDT é o partido do futuro do Brasil. O partido tem a resposta para a retomada do desenvolvimento do País, principalmente para o enfrentamento da miséria e da desigualdade”. O vice-presidente do partido também disse que a tradição do partido é mantida “com valentia e coerência” com Geovanne Queiroz e passa por uma renovação “mais expressiva” com Miro Sanova.

Mais tarde, já na aldeia do povo Tembé-Tenetehara, a comitiva pedetista se reuniu para tratar dos assuntos pertinentes à comunidade e ouvir os relatos de suas lideranças.

Elias Tembé, que trabalha com a questão da cultura indígena na região, apresenta, por meio de uma carta, as principais dificuldades enfrentadas pela população nas áreas da saúde, educação, agricultura e sustentabilidade, além de recursos para as manifestações culturais da aldeia como forma de crescimento econômico.

Na ocasião, Elias afirmou que, com o passar dos anos, muitos índios que faziam parte da tribo se desintegraram e estão convivendo de forma diferente de seus ancestrais, assim, deixando para trás toda a cultura e modo de vida da aldeia, muitas vezes motivados por medo de ser discriminados ou oprimidos pela sociedade.

“Há 519 anos firmamos o direito ao nosso território cultural, tradições e ao longo do tempo sofremos uma guerra de extermínio. O genocídio criminoso tentou nos varrer da face da terra, mas apesar de tanta violência e crueldade, estamos mais fortes e decididos a viver”.

Na carta, Elias também fala sobre os últimos ataques que sua comunidade tem sofrido por causa do governo desumano que não defende os direitos indígenas no Brasil e governa apenas para uma parte da população do País, incentivando a mineração e exploração de territórios dos índios.

“Se trata de um governo mais anti-indígena desde a ditadura militar. Ele anuncia que em seu governo não será demarcado mais nenhum centímetro de terra indígena, depois tenta passar a demarcação de nossas terras para o ministério da agricultura e pecuária controlada pelos ruralistas. Quando tentam demolir as já enfraquecida política de saúde indígena. Bolsonaro, sem dúvida, é o inimigo número 1 do Brasil a até de si mesmo. Estamos na luta em todos os cantos do Brasil e da Amazônia. Nós somos parte importante dessa luta de resistência que desde a metade do século passado persiste”.

Elias denuncia uma situação ainda mais grave. Ele afirma que o povo Tembé-Tenetehara está cercado por grandes empreendimentos do agronegócio da cultura do dendê, além de empresas mineradoras do ramo de caulique que tem produzido fortes impactos no território indígena, levando doenças e poluição para o solo.

“Não há respeito pela legislação que estabelece uma zona de amortecimento de qualquer área de proteção, pois o dendê está dentro do nosso pequeno território. Por isso em nome de todos nossos povos, queremos pedir socorro e denunciar que estamos sofrendo”.