Carlos Lupi busca frente ampla para afastar Bolsonaro democraticamente


Da Redação
13/09/2021

Para o presidente do PDT, coesão de partidos e movimentos sociais fortalecerá engajamento da sociedade

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, tem priorizado a construção de uma frente ampla para viabilizar o afastamento democrático do presidente da República, Jair Bolsonaro.

“De um lado os democratas, do outro os autoritários querem o fascismo”, disse o pedetista ao abordar saídas para o impeachment em entrevista para o UOL, nesta segunda-feira (13), ao lado do presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire.

Em um paralelo com as “Diretas Já”, de 1989, que estimulou a retomada do voto direto para presidente da República após décadas de ditadura militar, Lupi projetou o engajamento coeso e crescente de diversos setores da sociedade e o deslocamento das discussões eleitorais para o próximo ano.

“Nosso papel é reconstruir essa frente […] Vamos deixar 2022 para discutir lá na frente. Se a gente não tiver coesão, daqui a pouco não tem eleição com esse facínora no poder, que quer destituir um poder constituído, o Supremo Tribunal Federal, uns dos pilares da democracia”, opinou, resgatando a pluralidade formalizada pelas forças democráticas, incluindo o presidente de honra do PDT, Leonel Brizola.

“É hora do Brasil, de ter patriotismo. O que está em risco é a democracia da pátria brasileira. É muito sério para a gente ficar brincando ou brigando. Agora é hora de seriedade, organização, mobilização e de fazer o enfrentamento da sociedade civil contra esse aprendiz de ditador”, acrescentou.

Perante as manifestações plurais de domingo (12), o pedetista avaliou que “toda manifestação popular, espontânea e livre” progride ao longo do tempo e será catalisada pelos efeitos da crise econômica, traduzida no desemprego, inflação e aumento de preços.

“Ela vai crescendo aos poucos. O resultado foi satisfatório, sem nenhuma briga, atrito ou violência. E uma boa parcela da sociedade viu e começou a se mobilizar por isso”, ressaltou.

“É diferente de um cara que está na presidência da República com uma máquina poderosa de fake news, importada dos Estados Unidos e que o alimenta permanentemente”, condenou Lupi, vinculando a interferência da equipe do ex-presidente norte-americano Donald Trump desde 2018.

Diálogo

Ao citar a realização de novo encontro com partidos do campo democrático nesta quarta-feira (15), Lupi também almeja a integração de mais representações políticas, independente do campo ideológico. Entre as pautas do grupo que já conta, além do PDT, com o apoio de siglas como PSB, Cidadania, Rede, PCdoB, PV e Solidariedade, a organização dos próximos atos em outubro e novembro deste ano.

“É claro que tanto o PT, quanto o PSOL, tinham reserva porque o início da convocação [do MBL] falava ‘nem Lula, nem Bolsonaro’. A nossa intenção é fazer um ‘Fora Bolsonaro’, um impeachment do Bolsonaro”, ratificou, mostrando a mudança do perfil dos protestos diante da escalada golpista do ocupante do Palácio do Planalto.

“Com essa performance que nós queremos dar, nós não podemos ser contra ninguém. Temos que ser contra o Bolsonaro. Esse é o nosso inimigo agora, o adversário da democracia, da sociedade”, complementou, citando a abertura para lideranças como Lula e Fernando Henrique Cardoso.

Conduta

Na análise da carta ‘Declaração à Nação’, que foi divulgada por Bolsonaro, mas escrita pelo ex-presidente Michel Temer, Lupi foi enfático ao garantir que os crimes praticados não serão abonados por meio de promessas e retratações.

“Toda hora é uma ameaça. Não adianta fazer uma ‘cartinha’ porque isso não faz prescrever os crimes cometidos. Ele tem mais de 120 processos de impeachment contra ele”, destacou, mostrando ainda a responsabilidade do governo federal pelo descontrole da pandemia da Covid-19.

“Bolsonaro é o pior presidente da história da República brasileira. Além de exterminar a esperança e a saúde do povo brasileiro, onde é corresponsável por quase 600 mil mortos, ele também pode destruir as futuras gerações. É muito grave”, concluiu o pedetista, que pede, reiteradamente, a prisão do controlador da União.