O líder do PDT na Câmara, deputado Miro Teixeira (RJ), propôs nesta quinta-feira(6/12) a revogação da Lei de Imprensa(5250/67) O A proposta foi defendida por ele na sessão solene em homenagem aos cem anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e recebeu o apoio do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e de outros deputados presentes na sessão.
Miro Teixeira, autor do requerimento para a realização da Sessão em homenagem à ABI, disse que a Lei de Imprensa “é o último entulho do autoritarismo em vigor, pois todos os demais já foram removidos”. Ela foi criada em 1967, num dos períodos mais duros do regime militar (1964-1985). O deputado acrescentou que, até hoje, ainda se faz intimidação aos jornalistas em nome dessa lei. Segundo ele, a lei foi criada para inibir jornalistas que denunciavam o arrocho salarial e a opressão do regime militar.
Para ele os grandes jornais e veículos de comunicação contam com o apoio de escritórios de advocacia, mas os pequenos são massacrados por prefeitos, políticos e empresários. Têm muitas vezes de pagar indenizações que são piores que penas de prisão, pois provocam o fechamento desses veículos.
“O pior problema de uma ditadura é o guarda de quarteirão. Existem esses guardas de quarteirão por aí, na estrutura do poder, que vivem a intimidar jornalistas e publicações com uma lei que é produto do autoritarismo”, disse Miro. “Não é preciso sequer lê-la para ficar contra ela. Basta ver quem são seus autores, basta ver a época, o que representa e por que foi motivada”, ressaltou.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia aceitou a proposta, mas afirmou que pela complexidade do tema é necessário um amplo debate. Vamos trabalhar para revogar essa velha e autoritária Lei de Imprensa. É claro que vamos articular na Casa, frente à complexidade e à dimensão do tema.
Muitos parlamentares criticam e têm cobrado o endurecimento da legislação que regula a função do jornalista. Miro afirmou que se existe esse sentimento, é preciso discutir e apresentar alternativas e até mesmo comparar como o assunto é tratado em outros países e votar.
Miro informou que elaborou um anteprojeto que pretende apresentar aos deputados e à ABI para dar início à discussão da nova lei. Para ele, toda a função penal da lei tem que desaparecer. Não pode ter pena de prisão para o jornalista que trabalha voltado para a informação.
O anteprojeto regula o direito de resposta, garantindo um espaço proporcional ao dano causado. Mas estabelece a responsabilidade civil de jornalistas e veículos de comunicação por dano material e moral decorrente da violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. Perguntado se espera resistência à idéia, já que muitos parlamentares criticam e cobram o endurecimento da legislação que regula a função jornalística, Miro afirmou:
O presidente da ABI, Maurício Azedo, pretende tomar conhecimento do texto para se manifestar A lei disciplina aspectos do direito de resposta, define prazos para requerer esse direito e prevê a exceção da verdade: o direito do jornalista de apresentar, na Justiça, as provas do que escreveu, afirmou Azedo.
ABI
A ABI foi criada sob a liderança do jornalista Gustavo de Lacerda, com objetivo de assegurar à classe jornalística direitos assistenciais e tornar-se um centro de mobilização, abrigando todos os trabalhadores da imprensa. Já no início, os fundadores tiveram a idéia de manter uma biblioteca aberta ao público, com o objetivo de atender não apenas às necessidades de informação cultural dos jornalistas, mas também a toda a população da cidade.
Expansão
No começo, a instituição funcionou em uma pequena sala da Caixa Beneficente dos Empregados do jornal O Paíz, no Rio de Janeiro. A sede própria – um marco na arquitetura moderna brasileira – seria construída somente nos anos 1930, sob a liderança de Herbert Moses.
Outro importante ícone da história da ABI foi o jornalista Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, que defendeu ideais nacionalistas e via sua profissão como um meio de levar a população brasileira à conscientização política e social. Em 1926, aos 29 anos de idade, assumiu pela primeira vez a Presidência da associação. Durante seu quarto mandato, em 1992, foi o responsável direto pelo pedido da abertura do impeachment de Fernando Collor de Mello e o primeiro orador inscrito para defender o processo. Atualmente, a ABI é dirigida pelo jornalista Maurício Azêdo.