Se estivesse vivo, Leonel Brizola comemoraria 95 anos, pois nasceu no dia 22 de janeiro de 1922, e teve uma vida pública pautada pela coerência e pela ética.
Em sua existência, sofreu incompreensões, injustiças e perseguições devido a seu ideário trabalhista o qual nunca flexibilizou. Para ele, o trabalhismo foi avançando pelos caminhos da solidariedade, do humanismo, da justiça social, do igualitarismo, e dos direitos humanos que basearam as raízes de sua concepção.
Dentre suas adversidades, o PT de Lula, sempre foi uma força política divisionista do pensamento progressista brasileiro. Sua concepção ignorando as biografias pretéritas, conjeturando a luta de classe a partir de sua criação demonstrou toda empáfia em seu DNA.
Brizola dizia: “Quando cheguei do exílio fui visitar o Lula, que me recebeu como se fosse um imperador, existe uma incompatibilidade entre nós, ali vi que Lula é um homem do sistema.”
Profecia essa plenamente realizada pelo PT e por Lula, quando aderindo ao mercado, chegou ao poder. Ali abraçou as velhas oligarquias pátrias, como Sarney, Jucá, Renan, Michel Temer, Eduardo Cunha, dentre outros.
O discurso ético caiu como castelo de areia. Em vários aspectos demonstrou o PT ser mais do mesmo, confirmando outra profecia de Leonel Brizola, que ponderou: “o PT é que nem galinha: cacareja na esquerda, mas bota ovo na direita.”
Obviamente que o PT tomou o golpe das velhas oligarquias e do monopólio da mídia. Projetou frequentar a casa grande, o que jamais seria aceito. Lula, apesar de sua cooptação, não faz parte dos endinheirados oligárquicos.
Mais uma vez, Brizola prova sua sensibilidade ao dizer que o PT é a espuma da história, pois nunca se aprofundaram na compreensão das diferenças ideológicas de um pensamento progressista com o anexim conservador, que não se misturam, são inconciliáveis.
Acintosos como broncos no mais puro pragmatismo impudico conjeturam apoiar uma chapa de golpistas nas eleições da mesa diretora do Congresso Nacional.
Denunciam o golpe publicamente, mas no privado fazem acordo com seus supostos algozes.
Horas, qual o PT é o verdadeiro, o público ou o privado?
Esta obsessão por boquinhas, por cargos, por poder sem lastro, talvez seja uma das principais patologias que o PT deva enfrentar. Não é no mínimo ético para os brasileiros que sofrem com o golpe verem o PT se aliar aos golpistas, afinal a democracia está sendo atacada, e direitos suprimidos.
Cadê a coerência?
Cadê a hombridade?
Cadê o discurso?
Cadê a dignidade de uma corrente política?
Talvez Darcy Ribeiro esteja com a razão: “O PT é uma droga. É a esquerda que a direita gosta.”
Como faz falta a coerência política.
Como faz falta Leonel Brizola que jamais se curvou a essa direita.