A inspiração do título deste texto, a quem desde já possa interessar-se, surge com uma sugestão que recebi em razão da data do dia 1 de março. Explico. Esta é a data de aniversário de meu avô, João Belchior Marques Goulart (99 anos), ex-presidente do Brasil.
Os anos passam e permanentemente procuro marcar tal ocasião. Compreender a essência do ideário trabalhista é uma causa de vida que assumi, porém,o maior desafio é traduzir publicamente esse legado, na prática do dia a dia.
O amadurecer diário me indica que o êxito para tal contribuição, reside na persistência e assimilação de conteúdo. No interesse por conteúdo, tornei-me adepto à filosofia positivista que ensina que “Os vivos são sempre e cada vez mais governados necessariamente pelos mortos”. Por isso, busco as respostas em nossos ancestrais. Entre eles Martinho Lutero, que teria dito “A paz, se possível, mas a verdade a qualquer preço”. Tal pensamento lapidou o título desde ambicioso texto.
O Monge, professor de teologia do Século XV, figura central da reforma protestante, ensina exatamente que a nossa libertação reside em contradições. Para ele, a paz é um ideal a ser perseguido, sem abrir mão da verdade.
Confidencio aqui com os leitores que nessa busca da verdade, compreendi a necessidade de conhecer o cinismo da falsidade e maldade, sem aderir a nenhuma delas.
Na vida, torna-se importante saber nadar com elegância na piscina da mediocridade, mantendo em mente o foco de uma vitória a ser compartilhada com muitos.
Em entrevista ao historiador John W. Foster Duller, três anos e sete meses após Jango ser deposto do Brasil pelo Golpe Civil-militar de 1964, declarou meu avô: “Meu maior crime foi tentar combater a ignorância”.
Ontem e hoje, contraditoriamente, o “combate à ignorância” se mantém como o maior obstáculo para aqueles que se dispõe a contribuir com a causa pública, ao mesmo tempo em que é ainda condição elementar no caminho da verdadeira libertação individual e da nação brasileira. São algumas lições, inspiradas pela vida de meu avô.