Artigo: “Bolsonaro, o anti-Vargas”, por Beto Almeida


Beto Almeida
01/04/2019

A política de Bolsonaro visando demolir as estruturas estatais e desregulamentar a economia e os direitos sociais e trabalhistas, promovendo a desindexação, portanto eliminando seus mecanismos de reajustes dos benefícios sociais contidos na Constituição, atinge frontalmente as estruturas do Estado do Bem Estar Social criadas pelo presidente Getúlio Vargas, estadista que mereceu elogio do então presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, que qualificou o gaúcho como o pioneiro e inventor do New Deal, quando de sua visita ao Rio de Janeiro. “Getúlio começou em 1930, antes de mim que só cheguei ao governo em 1933”, disse Roosevelt, acrescentando que, se brasileiro fosse, votaria em Vargas.

Bolsonaro pretende o Estado mínimo, situação encontrada por Getúlio Vargas ao chegar ao Palácio do Catete, em 1930, com base numa revolução armada, selada pela aliança cívico-militar. Uma aliança cívico militar, portanto, bem antes de Hugo Chávez nascer!

Na altura, o Brasil possuía apenas cinco ministérios: o da Fazenda, que pagava religiosamente a dívida externa sem examinar se verdadeira ou não; o Ministério da Guerra; o da Justiça; da Relações Exteriores; e da Agricultura.

Novas gerações devem recuperaro ideário do presidente Getúlio

Estado mínimo, tal como planejaria hoje o atual governo, reduzindo o tamanho do Estado drasticamente. Ou como diz o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, “privatizar o máximo possível”. Inclusive, defendendo a redução suicida do contingente de funcionários públicos.

Guedes disse que irá demitir o máximo possível de funcionários e que não vai recontratar. E que os aposentados não serão substituídos. Ou seja, enquanto a população cresce e demanda mais serviços, o Estado será minimizado, deixando a maioria pobre do povo sem escolas, sem hospitais, sem creches, sem vacinas, com mais sarampo, com mais favelas, com menos metrôs, menos água encanada etc.

É, claramente, uma declaração de guerra ao povo brasileiro. Nem precisa exército invasor! Tudo ao contrário do realizado na Era Vargas quando o Estado foi expandido, estruturado, qualificado, tendo sido criado, inclusive, o Dasp, com suas carreiras de estado, com os concursos públicos. Está claro, o anti-Vargas está a construir uma tragédia social, para implantar aqui uma colônia moderna.

De cara, ao extinguir o Ministério do Trabalho, Jair Bolsonaro arremeteu contra uma das primeiras e principais ações de Getúlio Vargas. Logo ao tomar posse em 1930, Vargas criou o Ministério do Trabalho, no qual montou uma comissão de especialistas, com elevada consciência social, tendo como membro central o advogado socialista e revolucionário Joaquim Pimenta, este sim o autor do texto base do que viria a ser, mais tarde, a Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT.

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