Em entrevista à Agência Câmara, o novo líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (PDT-CE), declara que o governo teve que abandonar a reforma da Previdência, mas a pauta de projetos que podem prejudicar a população ainda persiste.
De acordo com o líder, a privatização da Eletrobras (PL 9463/18) e a autonomia do Banco Central (que ainda não chegou à Câmara) estão entre as propostas “danosas” para o povo brasileiro. “Não temos expectativa que o atual governo venha a sinalizar positivamente com uma pauta que queremos implementar”, disse o líder.
O deputado afirmou que o partido vai atuar com “olhos de lince” para evitar que a Câmara aprove projetos que “dilapidem o patrimônio do povo, que foi duramente construído”.
Formado em direito e economia e filiado ao PDT desde 1984, Figueiredo, 51 anos, está no terceiro mandato como deputado federal. Na Casa, ele já ocupou a liderança do partido entre 2012 e 2014 e em 2015. Fora da Câmara, foi secretário-executivo do Ministério do Trabalho (2007-2010) e ministro das Comunicações (2015-2016).
Leia abaixo a entrevista
Qual a prioridade da bancada para este ano?
Vai ser um ano muito difícil. Um ano em que o atual governo sinaliza um panorama de reformas nefastas para a população brasileira. A reforma da Previdência está praticamente morta, dentro dos moldes que estava apresentada, mas existem outras sinalizações para o mercado financeiro que são extremamente danosos para o Brasil. A questão da autonomia do Banco Central, sem nenhuma discussão, a dilapidação do patrimônio do povo brasileiro, como a eventual privatização da Eletrobras. Tantos outros temas que o governo tem encaminhado que nós precisamos discutir com lupa, com olhar de lince para evitar que sejam aprovados projetos que dilapidem o patrimônio do povo, que foi duramente construído.
O que pode ser aprovado neste ano na pauta econômica?
O governo sinaliza com uma pauta muito ruim para quem está na base da pirâmide econômica. Temos a convicção de que é indispensável que esta Casa não vote projetos sem uma discussão muita profunda. A Casa tem que discutir projetos de lei que tragam avanço para o Brasil.
Em relação a aprovação de projetos benéficos a população, eles podem ser prejudicados pelo calendário eleitoral?
Se forem projetos que tragam benefícios para o Brasil ou que, em uma primeira análise, são maléficos, mas que podemos compactuar um avanço para a economia, vamos discutir.
Nós somos oposição ao governo, mas isso não significa indisposição ao diálogo. Vamos ver o que pode nos unificar para fazer avançar a pauta da Casa.
Qual a previsão dos líderes para o começo do funcionamento das comissões? Elas podem começar a funcionar mais tarde, por conta da troca de partidos?
Tivemos uma reunião do Colégio de Líderes com o presidente Rodrigo Maia e ele sinalizou que no decorrer da primeira quinzena de março as comissões vão ser instaladas. Não podemos esperar até o prazo final de troca de partidos [7 de abril] para que as comissões possam funcionar, porque vai ser um grande desserviço a essa Casa, até porque é um ano eleitoral.