“Acho que se pariu um novo Eduardo Cunha”


Wellington Penalva
02/02/2021

Em entrevista ao portal Metrópoles, Ciro Gomes fala sobre a eleição para a presidência da Câmara

 

“Acho que se pariu um novo Eduardo Cunha”. A frase curta e direta é do vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, ao avaliar as eleições do Parlamento brasileiro em entrevista à jornalista Rachel Sheherazade, para o portal Metrópoles, na tarde de hoje (2). Usando da habitual franqueza, o líder pedetista acusou a compra de votos para eleição da Câmara e voltou a defender o impeachment de Bolsonaro.

“Não é legítimo usar essa ferramenta normal [emendas parlamentares] para adulterar a vontade do Parlamento nesta ou naquela direção”, afirmou o pedetista apontando o mecanismo utilizado pelo Executivo para garantir a vitória de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara dos Deputados. Foram mais de R$ 3 bilhões em emendas liberadas às vésperas da eleição.

Diante do vultoso volume de verba desprendido pelo Executivo, Ciro fez uma conta rápida: “R$ 3 bilhões dá para comprar 100 milhões de vacinas. Qual é a prioridade?”. A pergunta é retórica uma vez que o presidente brasileiro foi eleito o pior do mundo na gestão da pandemia pela consultoria britânica Brand Finance.

Para Ciro, a presidência da Câmara agora está sob o comando dos interesses do Executivo. “O Arthur Lira assume com o absoluto compromisso de subserviência, de submeter a sua liderança, a liderança da Câmara, aos ditados do Bolsonaro”, avaliou o vice-presidente nacional do PDT.

“Enfim, acho que começa assim, mas a rua vai definir o comportamento. Em minha opinião, acho que se pariu um novo Eduardo Cunha. Você lembra? Ele começa em aliança com o PT, apoiado pelo Lula. A Dilma, por exemplo, confrontou Cid Gomes, ministro da Educação, para defender o Eduardo Cunha e depois ele foi o coveiro dela e hoje está na cadeia. A história brasileira se repete como face e como tragédia”, concluiu Ciro Gomes.

O vice-presidente nacional do PDT ainda falou sobre os pedidos de impeachment não apreciados por Rodrigo Maia (DEM-RJ), a possibilidade da abertura do processo via pressão popular, a frágil situação econômica brasileira e o possível cenário eleitoral para 2022.

Confira a entrevista completa abaixo.