Documentário aponta Reformas de Base como necessárias, mesmo 60 anos depois


Wellington Penalva
22/10/2024

Obra de Beto Almeida inspira artigo que relaciona reforma agrária ao desenvolvimento do Brasil

 

O documentário “O Comício das Reformas de Base: 60 anos depois, ainda necessárias”, dirigido por Beto Almeida, resgata o famoso discurso de João Goulart, em 13 de março de 1964, na Central do Brasil, Rio de Janeiro. No comício, Jango defendeu com ênfase a implementação das reformas de base, que incluíam a reforma agrária, o controle das refinarias de petróleo pela União e a redução dos aluguéis. O filme oferece uma análise detalhada daquele momento histórico e ressalta como as demandas de Jango, ainda não realizadas, permanecem atuais.

Beto Almeida destaca que Jango improvisou grande parte do discurso, comovido pelo apoio popular. O documentário busca mostrar como havia condições para um avanço nas reformas, mas a falta de articulação entre partidos de esquerda contribuiu para o golpe militar que derrubou Goulart poucos dias depois. A obra apresenta depoimentos de pessoas que participaram do comício e faz uso de imagens históricas e músicas da época para recriar o ambiente daquele período.

O documentário serviu como inspiração para o artigo “Sem reforma agrária, industrialização será eterno sonho de noite de verão no Brasil”, escrito por César Fonseca e publicado no Brasil247. No texto, Fonseca argumenta que a ausência de uma reforma agrária no Brasil é um dos principais obstáculos para o desenvolvimento econômico e a industrialização do país.

Fonseca aponta que, enquanto países como Estados Unidos e Inglaterra precederam sua industrialização com uma redistribuição de terras, o Brasil, influenciado pelo capitalismo internacional e pelas elites locais, nunca conseguiu romper com o modelo de grande propriedade.

No texto, César defende que a reforma agrária é um passo essencial para criar um mercado consumidor interno robusto, necessário para o crescimento industrial. O autor ressalta que o capitalismo internacional nunca concordou com a industrialização brasileira, temendo que o país se tornasse um concorrente forte.

O texto explora ainda como a concentração de terras e a falta de uma política agrária robusta perpetuam o subdesenvolvimento, algo que o governo de João Goulart tentou mudar antes de ser deposto, como expõe o documentário de Beto Almeida.

A análise crítica apresentada no documentário e no artigo reforça a ideia de que as reformas de base são condição indispensável para o Brasil alcançar um desenvolvimento econômico pleno e soberano. Mais do que isso, as obras trazem o debate para o presente, reforçando como as medidas propostas por Jango ainda são necessárias, mesmo 60 anos mais tarde.