Jorge Roberto Silveira: a medalha que faltava


Luiz Augusto Erthal
Toda Palavra
13/09/2024

Enquanto os candidatos buscavam nas ruas os votos que conduzirão um deles à cadeira de prefeito nas próximas eleições, em uma sala discreta da Câmara Municipal a história recente de Niterói reverberava diante de um pequeno grupo de pessoas reunidas para homenagear Jorge Roberto Silveira, prefeito por quatro mandatos (1989-1992, 1997-2000, 2001-2002 e 2009-2012) e nome que, assim como o do seu pai – o ex-governador Roberto Silveria – está para o Estado do Rio, já deixou também a sua marca indelével na história da ex-capital fluminense.

Afastado dos debates políticos há mais de dez anos, o fundador da Niterói moderna, repleta de obras do arquiteto Oscar Niemeyeer e reiventada como um efervescente centro cultural e social do país, com um dos melhores índices de qualidade de vida, após perder, com a fusão dos estados do Rio e da Guanabara de 1975 – a rigor, o último entulho da ditadura militar ainda presente, depois da revogação da Lei de Segurança Nacional – a condição de capital e de mergulhar em um período de profunda depressão, ele foi à sede do legislativo municipal para receber a Medalha José Cândido de Carvalho, a mais importante comenda do município.

Descontraído, bem humorado e até emocionado em vários momentos, Jorge, cuja imagem política é hoje uma das mais reflexivas da história do Trabalhismo, foi recebido por velhos companheiros de partido na sala da presidência da Câmara e confessou que esperava há muito tempo por aquela medalha, que exalta a figura do fundador, de fato, da cidade urbanisticamente projetada nas primeiras décadas do século 19, José Cândido de Carvalho.

Mas, para receber a medalha que faltava, ele dispensou a pompa do plenário Brígido Tinoco, preferindo o calor intimista de amigos, como os vereadores Marcos Sabino, do seu partido, o PDT, e Paulo Eduardo Gomes, do PSOL, que lhe fazia oposição – ambos, porém, com origem na música de Niterói, e que, como ele, ajudaram a fazer do rock de Niterói nos anos 60 e 70 uma marca da cultura fluminense. Outras figuras tradicionais do trabalhismo da cidade, como a ex-vereadora Tânia Rodrigues, dividiam espaço com lideranças da nova geração, como os vereadores Binho e Jhonatan Anjos, e o líder da Juventude Socialista, Daniel Albuquerque.

Vereadores de outros partidos, como Anderson Pipico, do PT, além do presidente da Câmara, Cal, participaram da festa que trouxe de volta à cena política – mesmo que para um pequeno grupo – a imagem carismática de Jorge Roberto Silveira. A autoria da homenagem foi dos vereadores Binho e Marcos Sabino.

Sobre o momento político, Jorge manifestou a sua convicção na vitória do também ex-prefeito Rodrigo Neves, do seu partido, enfatizando a necessidade de se dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo círculo ideológico que, desde a redemocratização do país, em 1988, mantém a cidade sob governos de orientação trabalhista e socialista.

Ele disse não conhecer os dois candidatos que as pesquisas apontam – bem afastados de Rodrigo Neves – na segunda e na terceira posições (Carlos Jordy, do PL, e Talíria Petrone, do PSOL). “Nunca conversei com eles”. No entanto, teceu elogios ao quarto colocado, Bruno Lessa, do Podemos, a quem classificou como “um jovem brilhante e promissor”.