Presidente do Movimento Indígena do PDT lembrou os Yanomami e disse que luta precisa continuar
“Olá, meus irmãos e minha irmãs indígenas de todo o Brasil. Hoje é dia nacional de luta. Vamos lembrar nossos irmãos sofridos, Yanomami”, assim começa sua mensagem para o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, Rafael Weere, presidente do Movimento Indígena do PDT. O xavante puxa o fio de ataques, violência e retrocessos na vida dos povos originários brasileiros durante os últimos quatro anos. E a crise do povo Yanomami é a tela do crime ao qual são submetidos.
Desde 2019, o Estado, sob o governo de Bolsonaro, promoveu o abandono da população indígena, com redução ou cancelamento de assistência e aparelhamento dos órgãos responsáveis por protegê-los. Mais do que isso, criou condições que fomentaram o garimpo, a pesca e a exploração ilegal em terras indígenas. Nesse contexto é que está o drama yanomami.
Operação iniciada pelo Executivo Federal nesta segunda-feira (6) pretende tirar mais de 20 mil pessoas de áreas de garimpo ilegal em terra yanomami, em Roraima. A comunidade ligada à atividade criminosa na região equivale a dois terços do número de indígenas no local. O convívio conflituoso, aliado a ausência do Estado, provocou o assassinato de lideranças, doenças, desnutrição e morte de crianças por inanição.
“A luta nunca foi fácil para nós. Sempre resistimos. Vamos ajudar nossos irmãos [Yanomami] que estão sofrendo no garimpo, infelizmente muitos já morreram nessa invasão que acontece”, registrou Weere. O líder indígena lembrou que a tragédia se estende por todo o Brasil, em diversas comunidades e povos, com mortes por falta de assistência à saúde e demais mazelas.
O que gera esperança, segundo Rafael, é o comportamento do atual governo. Indígenas foram designados para a gestão de órgãos responsáveis pela proteção dos povos originários. Para Weere, a criação do Ministério dos Povos Indígenas foi uma conquista, resultado de muita luta.
“Nós temos um marco nesse governo, com a conquista de espaço. No Ministério dos Povos Indígenas, dirigido pela companheira Sônia Guajajara, e na Funai, na mão de indígenas, que vai ser dirigida por nossa companheira de luta, Joenia Wapichana. […] Com muito sofrimento tivemos essa conquista nesse governo, então devemos continuar nessa caminhada, nessa luta para melhorar a situação de nosso povo e também para demarcar os nossos territórios”, concluiu Rafael Weere.