O Prefeito de Niterói (RJ) e engenheiro florestal Axel Grael assinou a desapropriação do Morro do Morcego no bairro de Jurujuba, na entrada da baía de Guanabara, onde será criado o Parque Municipal Dora Hees de Negreiros. Essa é a decisão do Projeto de Lei que o pedetista enviou dia 19 de dezembro último à Câmara Municipal e já foi aprovado em 1ª discussão por 16 votos a cinco. O parque abrangerá 24,03 hectares e incluirá, além do Morro do Morcego – próximo a histórica Fortaleza de Santa Cruz – as praias de Adão, Eva, Maçã, Morcego e Secreta.
O Morro do Morcego, formação rochosa de gnaisse da idade pré-cambriana, quase frontal ao Pão-de-Açúcar do outro lado da baía de Guanabara, terá a sua cobertura florestal restaurada especialmente na vertente da praia da Maçã, tomada pelo capim-colonião. O replantio de espécies da Mata Atlântica será feito em todas as áreas degradadas do futuro parque que na sua parte mais alta – a Pedra do Morcego – se eleva 140 metros diretamente do espelho d’água da baía de Guanabara, o que lhe dá exuberante beleza.
O parque municipal da Pedra do Morcego, próximo ao conjunto de fortalezas construídas pelos portugueses para proteger a entrada da baía de Guanabara no Brasil colônia, tem grande potencial para desenvolvimento do ecoturismo e uma de suas finalidades, segundo o prefeito Grael, será “oferecer serviços e opções de atividades que atraiam o turista nacional e estrangeiro que terá experiência única visitando o local”.
Ainda segundo Axel, que assinou o decreto de criação do parque, tendo ao seu lado o secretário municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói, Rafael Robertson, e o vereador Andrigo de Carvalho, líder do governo na Câmara Municipal, “o novo parque comporá o produto turístico que inclui a Fortaleza de Santa Cruz e demais atrações do bairro de Jurujuba como sua destacada gastronomia de frutos do mar; além da infraestrutura que pretendemos criar dentro do parque como um centro de visitação, um restaurante panorâmico, trilhas e mirantes”, explicou.
O parque é fruto de estudo técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e é mais uma iniciativa da Prefeitura de Niterói que, desde 2013, desenvolve política pública ambiental estruturada para gerir, proteger e recuperar as áreas verdes da cidade, como explicou o prefeito Axel Grael. Hoje, acrescentou, a cidade de Niterói “já tem 56% de seu território em áreas protegidas na forma de parques ou outras unidades de conservação ambiental”.
O prefeito frisou também que “o trabalho realizado pela Prefeitura de Niterói para a proteção e restauração de suas florestas urbanas já alcançou repercussão internacional, com a inclusão da cidade em publicação da FAO sobre o assunto, sendo que só Niterói e Lima foram as cidades latino-americanas citadas na publicação”.
Em seu blog pessoal, Axel assinalou ainda: “Tenho certeza que quando concluirmos o trabalho de planejamento e implantação da infraestrutura para a visitação no local, o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros será tão importante para Niterói quanto já é, por exemplo, o Parque da Cidade”.
O prefeito explicou que o morro do Morcego “é objeto de preocupação e de ação dos ambientalistas desde a década de 1980, quando da discussão sobre a Lei Orgânica de Niterói, procuramos incluir – sem sucesso naquele momento – a área entre as listadas como de Proteção Permanente”. Isto só foi possível muitos anos depois, na regulamentação da lei Nº 1967, de 04/04/2002, ocorrida em 2011, que instituiu o Plano Urbanístico da Região das Praias da Baía de Guanabara e estabeleceu como unidades de conservação municipal – o Morro do Morcego, a Fortaleza de Santa Cruz e os fortes do Pico e do Rio Branco, prevendo ainda a recuperação do ecossistema local – rico em flora e fauna originais.
Agora a prefeitura de Niterói pretende garantir a efetiva proteção da área, segundo explicou Axel Grael, com a criação do parque da Pedra do Morcego. A homenagem a Dora Hees de Negreiros (1933-2016) que batiza o parque se justifica, segundo o prefeito, porque a engenheira “foi precursora da gestão ambiental pública, servidora com origem no Instituto de Engenharia Sanitária (IES), do antigo Estado do Rio de Janeiro, empresa que deu origem à Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CEDAE)”. Dora Hees também foi uma das fundadoras da FEEMA, órgão ambiental pioneiro no país, onde Axel também trabalhou.
“Além da longa amizade, tive a honra de tê-la na minha equipe quando fui presidente do Instituto Estadual de Florestas (IEF-RJ), frisou o prefeito Axel Grael.
Na década de 1990, Dora Hees atuou no Grupo Executivo para a Despoluição da Baía de Guanabara – GEDEG, no governo de Leonel Brizola, tendo sido uma das responsáveis pela estruturação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) e pela negociação dos recursos junto ao BID, para viabilizá-lo”. Programa criado por Brizola, mas infelizmente abandonado por seu sucessor no governo estadual, Marcello Alencar.
Dora também teve atuação na sociedade civil, sendo uma das fundadoras do Instituto Baía de Guanabara (IBG), onde militou por uma baía limpa e com participação cidadã. O prefeito Grael a sucedeu na presidência do IBG e, posteriormente, a teve como integrante do Conselho Diretor do Instituto Rumo Náutico / Projeto Grael, uma ONG que ajudou a fundar.