Debate internacional sobre governança e gestão reuniu embaixador chinês e lideranças partidárias
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, indicou que a parceria estratégica entre Brasil e China poderá ser potencializada a partir da implementação do Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), que é capitaneado pelo pré-candidato ao Planalto, Ciro Gomes. O pedetista participou pela internet, nesta quarta-feira (9), de debate internacional com autoridades e lideranças partidárias dos dois países.
“O Brasil precisa se reencontrar com seu povo e se reintroduzir no cenário internacional. Não podemos ter um presidente da República que xinga e agrida as nações irmãs, como aconteceu com a China”, disse Lupi, na abertura do evento promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) e o Centro de Segurança e Estratégia Internacional da Universidade Tsinghua, da China .
Em função dos reiterados ataques dos representantes do atual governo brasileiro, Lupi, que também é vice-presidente da Internacional Socialista (IS), fez questão de oferecer, em nome do PDT, um simbólico “pedido de desculpas”.
“O povo brasileiro deve ao governo e povo chinês pelas agressões feitas pelo atual governante do Brasil. Se não fosse a presença da vacina chinesa, da Coronavac, no Brasil, nós teríamos, infelizmente, um contingente muito maior de mortos”, afirmou, recordando os laços, de mais de 70 anos, do trabalhismo com o Partido Comunista da China (PCCh), que foi construído por Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola.
A iniciativa contou com as contribuições dos presidentes nacionais do PCdoB e do PMDB, Luciana Santos e Baleia Rossi; do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming; dos ex-vice-diretores de centros de investigação e pesquisa do PCCh, Zhang Baijia e Li Junru, e do secretário-geral do Fórum China do CISS, Zhang Lirong.
Transformações
Sobre a necessidade de crescimento e evolução do Estado brasileiro na governança e na gestão pública, o pedetista reforçou a oportunidade de retomada com o PND, que é aprimorado coletivamente desde 2018.
“Vamos continuar afirmando esse projeto e essa candidatura porque, para nós, a eleição, com vitória ou derrota, é circunstancial. O que vale para a gente são as ideias que podemos deixar”, enfatizou.
O caminho, segundo Lupi, passa pela mudança do modelo econômico neoliberal, sustentado sequencialmente pelos últimos governos. Ele aponta, portanto, a desigualdade social como resultado principal do favorecimento histórico ao mercado financeiro.
“Não dá mais para a gente achar que somente o acúmulo do capital por capital, só a riqueza, os bens materiais vão valer em uma sociedade profundamente injusta, como é a brasileira. Temos cerca de 40 milhões de brasileiros vivendo à margem da sociedade, passando fome e desempregados. Isso é muito grave em uma população de 200 milhões de habitantes”, detalhou, em um paralelo com a defesa da modernização do setor público, pelas novas tecnologias, para disponibilizar educação e oportunidades de qualidade para os cidadãos.
“Nós temos que inverter esse processo colonizador do Brasil de sempre favorecer os grandes grupos e deixar para secundário o sistema mais importante da economia, que são os pequenos e médios empresários, pois geram empregos. Aí está [pelo salário] a verdadeira distribuição de renda”, argumentou, ao criticar o processo de financiamento gerado pelo governo a partir dos bancos públicos, como o BNDES.
Integração
Ao almejar o “multilateralismo verdadeiro” na geopolítica mundial para alavancar as nações emergentes, Yang Wanming indicou a intenção chinesa de reduzir a influência estabelecida por grupo restrito de países desenvolvidos, a partir da liderança dos Estados Unidos. Para isso, o embaixador destacou a importância da articulação bilateral entre as instituições partidárias.
“[Somos] A favor do aprofundamento da cooperação entre a China e o Brasil. Os partidos podem fazer um papel mais ativo e construtivo nisso. São atores protagonistas na vida política e têm que trabalhar conjuntamente, entre os partidos dos dois lados, para promover a agenda bilateral amistosa”, relatou, enfatizando a interação estratégica de décadas.
“Nesse sentido, temos um grande desejo de aprofundar o intercâmbio das empresas, das ideias sobre o desenvolvimento entre os partidos. Atribuímos muita importância às experiências dos partidos brasileiros”, completou, em referência ao aprimoramento dos modelos aplicados para desenvolver, dentro das “dimensões sociais e históricas”, os benefícios aos povos envolvidos.
O embaixador salientou, na sequência, que o país asiático não tenta exportar o seu modelo [de governo] e é contra o “confronto ideológico”.
“A China está disposta a fortalecer o intercâmbio com os setores da sociedade brasileira. Vamos compartilhar experiências em governança política e dar contribuições para uma comunidade de futuro compartilhado e um progresso comum da humanidade”, concluiu.
Para assistir ao debate na íntegra, clique aqui.