Ao avaliar a anulação dos processos do ex-presidente Lula na Lava-Jato, o vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, disse considerar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) “estranha, exótica” e vê como danoso o retorno do lulopetismo ao cenário eleitoral, o que levaria o País à uma reedição de 2018, com o acirramento da polarização política.
“Não que ele [Lula] seja inocente, porque não é mesmo, mas foi perseguido pela arbitrariedade do Sérgio Moro. Se o juiz validar tudo que aconteceu, ele será sentenciado de novo, toda a instabilidade jurídica que interage com a política brasileira. Acho que foi feita justiça, Sérgio Moro foi arbitrário, constrangendo a lei, Lula tem direito de ser julgado com decência”, declarou ontem, em entrevista à CNN.
De acordo com Ciro, a decisão do ministro Edson Fachin pegou “até os advogados do Lula” de surpresa ao afirmar que a vara competente pelos processos da Lava-Jato é a de Brasília e não a de Curitiba, uma vez que vários recursos nesse sentido foram negados no STF.
“Ora, isso faz seis anos. Mais de 50 recursos subiram perguntando se isso tava direito, se não tava direito, e todos esses 50 recursos, de mais de 100 réus, tiveram na cara a porta batida. Agora, sem nenhuma inovação, não é mais a vara de Curitiba”, argumentou Ciro Gomes em entrevista ao Datena, na Band News.
Quanto ao efeito político que vem na esteira da decisão do ministro do Supremo, Ciro é bastante crítico. Retornar à atmosfera de 2018, que beirou a guerra política, seria um desastre para o Brasil. Para o pedetista, o país precisa de diálogo e consenso como caminho para superar as crises econômica, social e sanitária que enfrenta.
Ciro avalia que o lulopetismo é parte do problema nacional e responsável direto pelo resultado das últimas eleições presidenciais. Apostar nessa corrente política, na visão do pedetista, seria apostar em um passado cujo erro está atestado, sobretudo por inflar as correntes bolsonaristas e de ultradireita no país.
Em entrevista a rádio CBN, na manhã de hoje (9), Ciro afirmou: “O Brasil precisa, diante do problema grave que nós temos, construir um caminho de futuro. E, francamente, eu não vejo o caminho do futuro ser construído com a volta ao passado ‘lulopetista’, envelhecido, desgastado, inconfiável, e pior: que tem a característica de fazer o outro lado se reunir também com base no ódio”.