“Fui parido na mesma hora em que a Revolução Russa”, assim se apresentou Neiva Moreira, durante o exílio no Peru na década de 1970, ao hoje doutor José Ribamar Bessa Freire, como este contou há oito anos (clique aqui e veja o relato). Pois hoje completam 103 anos que o revolucionário José Guimarães Neiva Moreira nasceu para se tornar um dos grandes nomes da política brasileira e do PDT.
Nordestino de Nova Iorque (MA), o pedetista teve sua trajetória política marcada pela luta por justiça social antes, durante e após a ditadura militar brasileira (1964 a 1985). Neiva Moreira era jornalista e foi deputado federal por sete mandatos. Cassado e expulso do país em 1964, ele deu continuidade a agenda progressista em outros países da América do Sul. Em 1980, ajudou Leonel Brizola a fundar o PDT.
Neiva Moreira tornou-se jornalista ainda muito jovem e atuou em veículos como o periódico Pacotilha, os jornais Diário da Noite e O Jornal, e a revista O Cruzeiro. Em 1950, entrou para a política sendo eleito deputado à Assembleia Legislativa do Maranhão. Lá, mostra sua veia nacionalista defendendo a criação da Petrobrás e da Eletrobrás.
Após a morte de Getúlio Vargas, em um período de grande instabilidade política, o então deputado federal Neiva Moreira foi um dos fundadores da Frente Parlamentar Nacionalista. Quando Jango assumiu a presidência da República, o parlamentar defendeu conscientemente as Reformas de Base.
Em 1964, os militares obrigaram o pedetista a deixar do país. Passou 15 anos migrando entre países da America latina graças ao surgimento sucessivo de governos totalitaristas. Foi recebido e expulso da Bolívia, do Uruguai, da Argentina e do Peru, onde chegou a ser assessor de imprensa do presidente general Juan Velasco Alvarado.
Seu último pouso foi no México, país em que morou de 1976 até a reabertura política no Brasil em 1979. Lá relançou a revista Cadernos do Terceiro Mundo, originalmente editada em Buenos Aires, e criou o livro de referência Guia do Terceiro Mundo.
De volta ao Brasil, Neiva Moreira ajudou a fundar o PDT. Em 1982, foi nomeado secretário de Comunicação Social do Estado do Rio e, em seguida, presidente do Banco de Desenvolvimento do estado, pelo governador Leonel Brizola.
Na década seguinte, o pedetista foi eleito para a Academia Maranhense de Letras e voltou a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde ficou de 1993 até 2007.
Neiva Moreira morreu no dia 10 de maio de 2012. Até o último momento, brigou pelo desenvolvimento do país acreditando na possibilidade da erradicação da miséria, da redistribuição de renda e no poder da educação como agente transformador da sociedade.