Com 771 filiados signatários, documento simboliza o processo de criação do novo organismo do PDT
A força da fé para intensificar a luta progressista e combater retrocessos. Em um processo orgânico de integração, 771 filiados do PDT desencadearam a criação de um novo movimento: Cristãos Trabalhistas. Prevista para atuar em nível nacional, a iniciativa lançou um manifesto, no último mês, que apresenta as bandeiras e anseios da militância.
“Defendemos com todas as nossas forças um estado laico, onde todas as religiões, crenças e ausência de crenças sejam protegidas, respeitadas bem como seus lugares de culto sejam resguardados contra toda a forma de violência, ataques, discriminação e vilipêndio”, aponta o texto.
“O valor humanitário básico, extraído das Sagradas Escrituras, a Bíblia, é o que norteia nossa luta para que todo ser humano tenha direito e acesso a uma vida digna nesta terra, com acesso à água, saneamento, educação, saúde, trabalho digno com remuneração”, acrescenta.
Para o pastor Alexandre Gonçalves, liderança que participa do processo de organização desde 2018, o movimento já está sendo constituído em mais de 9 estados, a partir da definição de direções provisórias. Posteriormente, será feito o pedido formal à direção nacional do partido, conforme determina o estatuto.
“Na última semana, intensificamos as deliberações para avançar na estruturação de representações em cada região do país. Vamos fazer algo consistente e presente, pois os cristãos podem contribuir com a política a partir dos ensinamentos bíblicos, além de evitar o uso indevido da palavra de Deus para manipular os cidadãos”, disse.
Democracia
No manifesto, os signatários afirmam ainda que “o melhor caminho político é o da moderação”. Por isso, deixam evidenciado que rechaçam mobilizações reacionárias que afrontem o estado democrático de direito e ataquem fatias da população, a partir de preconceitos sistemáticos.
“Nossa solidariedade e fraternidade também alcançam, com igual força e amor, toda a população brasileira LBTQI+ em sua luta pelo exercício de plena cidadania e contra toda a forma de discriminação, violência, ódio e preconceito, bem como para com as mulheres em sua constante luta por emancipação, remuneração igualitária, defesa contra a violência doméstica e políticas de segurança que previnam o feminicídio”, relata.
Para os pedetistas participantes, o desvio dos princípios religiosos desencadeou “um duelo de costumes, onde se misturou, de forma insidiosa, valores morais cristãos e política”.
“O resultado de toda essa discórdia foi a enorme derrota de todo campo progressista nas eleições de 2018, onde nosso povo escolheu um projeto diametralmente oposto ao projeto do campo progressista”, afirmam.
Como caminho para reorganizar o país, os integrantes ratificam o legado de ícones do Trabalhismo, incluindo Leonel Brizola, Alberto Pasqualini, João Goulart e Darcy Ribeiro. Para eles, a continuidade está simbolizada na viabilização do Projeto Nacional de Desenvolvimento, capitaneado por Ciro Gomes.
“Representa um projeto reformista, sem rupturas, que defende distribuição de renda através de uma política tributária progressiva, medidas compensatórias, emancipação dos trabalhadores e a soberania da nação brasileira. Ao mesmo tempo, protegendo os valores da democracia, as liberdades individuais de crença e ideologia, a propriedade privada e a livre iniciativa, com o reconhecimento pleno dos direitos de todas as minorias, inseridas em um único e generoso projeto de Nação”, descreve o documento.