Em sua brava e corajosa luta pelos direitos dos povos indígenas, Mário Juruna, que hoje (03) completaria 77 anos, foi o primeiro índio a ocupar uma cadeira no parlamento brasileiro. Com mais de 31 mil votos, foi eleito como deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, em 1982.
De origem Xavante, grande parte localizada no estado do Mato Grosso, Juruna se tornou cacique da tribo aos 17 anos. Teve seu primeiro contato com o homem branco em 1958. Toda a sua trajetória foi fundamentada na luta em defesa das terras e do povo indígena.
“Sou homem do povo, sou homem de campo, quando me criei não encontrei nem um branco, não encontrei nem um avião, nem automóvel, nem estrada; onde me criei era sertão, eu só escutava canto do passarinho, e hoje eu encontro muito pressão contra índio, e invasor, e estrada. A gente está recebendo muita pressão”, afirmou Mário Juruna em seu mais famoso discurso na Câmara Federal.
Juruna ficou conhecido como combativo e questionador. Não confiava na palavra do homem branco e por isso, sempre carregava com ele um gravador portátil, que registrava todas as conversas com autoridades e denunciava quando os políticos não cumpriam o que era prometido ao povo indígena.
O cacique também foi o responsável por levar a conhecimento de todo País a atual situação em que o povo indígena vivia, denunciando os abusos sofridos.
Em 23 de março de 1983, Juruna criou a Comissão Permanente do Índio no Congresso Nacional – o que seria um início da atual Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara – além de atuar junto as comunidades e instituições de proteção dos povos indígenas do Brasil.
Ao final da sua histórica fala, e ao mesmo tempo muito atual, o deputado federal Mário Juruna faz um apelo ao presidente da Câmara da época. “Aqui eu quero pedir a V.Excia., presidente, vamos pensar juntos, vamos reformar o nosso Brasil, viu? Vamos dividir, terra é para posseiro, é terra para fazendeiro, é terra para índio, vamos dividir a nossa terra”, finalizou o cacique.