Mobilização das forças democráticas protagoniza como ferramenta de defesa constitucional
Carlos Lupi, Ciro Gomes e Manoel Dias foram unânimes ao definir, em debate no ‘Mais Opinião’, a resistência e a nucleação de base como diferenciais do trabalhismo no enfretamento dos movimentos antidemocráticos de Bolsonaro. Realizado virtualmente nesta quinta-feira (28), o encontro integrou a primeira edição da nova temporada do programa transmitido nas redes sociais da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP).
Ao citar os 40 anos da sigla, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, indicou a unificação das forças democráticas como prioridade no processo de mobilização contra os atos estimulados diretamente pela presidência da República.
“Nós vamos fazer essa luta em todos os níveis. Não há limite para a nossa indignação. A nossa coragem só existe porque acreditamos no que a gente faz. Estamos no caminho certo”, disse Lupi, um dos líderes do movimento “Janelas pela Democracia: #ImpeachmentJá” que também reúne os partidos REDE, PSB, Cidadania e PV.
Mediador do debate, Lupi também discorreu sobre o caos do governo diante do acúmulo de crises e as tentativas públicas de rompimento institucional a partir das ameaças aos poderes legislativo e judiciário. Em oposição, garante que a resistência é garantida e efetiva.
“Quase 30 mil brasileiros mortos e o profeta da ignorância nunca lamentou. Ele (Bolsonaro) não tem sentimento ou sensibilidade. Ele desvia a discussão desse assunto para falar das fake news com os filhos. É organizado, de propósito”, indicou, para citar, na sequência, os exemplos de intimidações: “Ele ameaça de golpe sem condições de fazer, pois não tem apoio, como foi em 64. Ele quer gerar medo da ditadura sem armas para continuar no poder e, assim, continuar mentindo.”
Ao concordar com o posicionamento, Manoel Dias, presidente nacional da FLB-AP e secretário-geral nacional do PDT, afirmou que o chefe do Executivo “promove ilusões para ganhar tempo e terreno”.
“O Bolsonaro está jogando com o medo e tentando assustar. Um capitão de mau comportamento que foi expulso do Exército. Não tem como estabelecer o regime autoritário sem ter o que oferecer ao povo. Eles querem estimular a rebeldia já estando no poder, pois não tem apoio. E ainda querem jogar nas mãos dos governadores o peso das mortes para se eximir”, salientou.
Caos
No aprofundamento das críticas, Ciro Gomes, vice-presidente nacional do partido, elencou os três eixos, que, segundo ele, formaram o epicentro do conjunto de conflitos que o presidente se esforça, diariamente, para omitir perante da falta de soluções. Com colapsos na saúde, na economia e na política, o pedetista traduz a tentativa de distração a partir da tentativa frustrada de manipulação do sentimento da população, que está “machucada e revoltada”.
“Bolsonaro persiste nos erros, como lotear o Ministério da Saúde com militares sem experiência. A OMS está vendo que o Brasil virou o epicentro do coronavírus no mundo. Os últimos estudos, rodados hoje, indicam que o nosso país poderá ter 125 mil mortos até agosto. Essa responsabilidade é do Bolsonaro”, afirmou, sendo confirmado por Lupi: “O discurso do Guedes (ministro da Economia) sempre foi o estado mínimo. O setor público que está salvando o povo brasileiro. Imagina se não tivéssemos um estado forte para dar suporte”.
Neste pacote, Ciro agrega a onda de desemprego e informalidade instalada antes da pandemia, conforme comprovado mensalmente pelos números do Caged, bem como a sua progressão cultivada pela inércia dos gestores e ausência de políticas efetivas.
“Temos 860 mil baixas de carteiras de trabalho em abril. 5 milhões perderam renda no mesmo período. Ele está construindo a maior crise da história do Brasil. Poderemos chegar a 20 milhões de desempregados”, completou, sendo ratificado por Lupi: “O discurso do Guedes (ministro da Economia) sempre foi o estado mínimo. O setor público que está salvando o povo brasileiro. Imagina se não tivéssemos um estado forte para dar suporte”.
Ao colocar a crise política como o último elo, Ciro relata que “na cabeça do Bolsonaro, só o golpe impedirá as instituições de chegar à verdade”. “Ele está tentando aparelhar as instituições públicas, como a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal. Só que nós somos do partido de Leonel de Moura Brizola e não mediremos esforços para lutar. Haverá resistência e ele não fará golpe de estado no país”, garantiu.
Futuro
“A gente tem que combater o profeta da ignorância, mas a população precisa ter esperança”. Com essa perspectiva, Lupi encaminhou o diálogo para a análise de propostas que indiquem o caminho para a superar o atual cenário de falta de perspectivas presente na maioria dos cidadãos.
“Minha esperança é que o Ciro convença a massa a se engajar para mudar a trajetória do Brasil. E eu sei que vamos ter êxito”, exaltou Dias, ao citar a relevância do plano nacional de desenvolvimento, construído desde as eleições de 2018: “Propõe a mudança econômica e educacional de forma integral”.
Remetendo ao acúmulo das riquezas do Brasil, o ex-governador do Ceará coloca como imperativo o combate às desigualdades. “Temos que acertar a conta do país. Hoje, é cobrado mais dos pobres do que dos ricos. Poucos países tem tantas deformações quanto o Brasil”, demandou. Ele também fez uma alusão ao ponto de vista humano ao falar do seu novo livro ‘Projeto Nacional: O Dever da Esperança’. “Ela não irá cair do céu, mas deve ser construída”, conclama, ao receber acenos positivos dos participantes.
“Temos que achar o ponto de equilíbrio entre a vitória sobre o confronto e a busca por uma reconciliação para unir todos os brasileiros. Para a pessoa votar (em 2018), foi muito ódio. Temos que entender esse movimento com autocrítica. Por isso, precisamos construir uma saída para o nosso povo e colocar o país na retomada do desenvolvimento nacional”, disse, ao acrescentar: “Sair do conforto e fazer militância passa pela crença na política. É um esforço necessário. E o método passa diretamente pela informação, que é uma base do poder. Por isso, tantas fake News.”
Organização
Com o indicativo dos núcleos de base como modelo capaz de seguir gerando a sustentação nos enfretamentos ao longo das jornadas que se acumulam no Brasil, as lideranças trabalhistas valorizaram o perfil facilitador do partido.
“O núcleo é a ferramenta para cada brasileiro ser protagonista da sua própria história. Por isso, o PDT está aberto para ajudar nesse caminho”, assegurou Lupi. “O mundo mudou com os núcleos. Sem organização, você não chega a lugar nenhum, pois só confunde e divide. A partir das células, mobilizamos. Se o povo não souber a razão das coisas, nada mudará. Cada um precisa acreditar para tornar realidade a transformação”, concluiu Dias.