O senador Cid Gomes (PDT-CE) votou contra o projeto de Reforma da Previdência, aprovado em primeiro turno durante a sessão do Senado Federal desta terça-feira (01). Cid alertou que a proposta não representará nenhum centavo para investimentos, portanto não vai contribuir para o crescimento da economia, e ainda irá agravar as desigualdades sociais do País.
“Quando é que esse País vai compreender que o sacrifício não pode ser exigido apenas dos mais pobres e da classe média”, questionou.
Na avaliação de Cid, são falsos os argumentos que colocam a aprovação da Reforma da Previdência como condição para a retomada do crescimento da economia brasileira.
“Sabe quanto essa Reforma da Previdência vai permitir de poupança ao Governo Federal para que seja utilizado em investimento, que é o que efetivamente traz crescimento ao País? Zero. Portanto, o que essa Reforma faz é inibir um crescimento do déficit futuro, mas nenhum tostão do orçamento do ano que vem ou dos nove anos subsequentes será destinado a investimentos. Desfaz-se o primeiro mito”, argumentou.
O Senador criticou ainda o rentismo do País ao sistema financeiro e o lucro exorbitante dos bancos nos últimos anos, enquanto o Governo tenta resolver o equilíbrio fiscal em cima dos trabalhadores mais pobres e da classe média. Esse segundo trimestre de 2019 o lucro dos quatro maiores bancos foi quatro vezes maior do que o lucro que eles realizaram em 2014. Ou seja, no auge da crise eles quadruplicaram seus lucros, que foi de R$ 20 bilhões no último trimestre. Esse ano a projeção é de R$ 100 bilhões de lucros. Se pegasse a metade disso estava resolvido metade da economia que o governo pretende fazer com essa reforma”, defendeu.
A proposta de Reforma foi aprovada por 56 votos a 19 e ainda precisa passar por três sessões de discussão antes da votação em segundo turno. Na manhã desta quarta-feira (02) serão analisados seis dos dez destaques apresentados pelos senadores ao texto-base. Quatro deles já foram votados pelos senadores na noite de ontem.
Dentre as principais mudanças trazidas pelo projeto estão o aumento do tempo para se aposentar, aumento das alíquotas de contribuição para quem ganha acima do teto do INSS, atualmente de R$ 5.839, e estabelece regras de transição para quem já está contribuindo.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado