“Oportunidades de trabalho”


Por Ariosto Holanda
24/05/2017

Num futuro bem próximo, surgirão indústrias com poucos operários porque a inovação dos seus processos industriais ou agroindustriais levará à automação ou à robotização de suas linhas de fabricação, decorrendo daí a substituição de muitos trabalhadores por máquinas. O que fazer com esses e outros milhões de desempregados, na sua maioria analfabetos funcionais?

Creio e defendo que devemos pensar numa economia que leve em conta as pessoas. Temos de planejar um modelo de desenvolvimento voltado para produção em massa (quantidade) a partir das massas (povo). O fortalecimento das pequenas empresas e um amplo programa de extensão com base nos trabalhos das universidades e dos institutos tecnológicos seriam bons caminhos.

Como estamos diante de uma população que precisa trabalhar e não tem mais tempo de ir para escola, lembrei-me das tecnologias apropriadas e adequadas ao nosso meio. Por que não definir um grande programa de compras governamentais, como fez o Tasso no seu primeiro governo?

O que o governo compra, de bens e serviços que pode ser feito pelas pequenas empresas? Como seu secretário, fui autorizado a lançar o programa. Foi um sucesso porque passamos a comprar dos pequenos: mobiliário escolar, produtos de limpeza, merenda escolar, pequenas obras, serviços de manutenção e outros itens.

Se fizermos um levantamento do que as universidades e institutos já desenvolveram, vamos encontrar um elenco de tecnologias que poderiam ser repassadas à população. Por meio da Fundação Demócrito Rocha, chegamos a publicar, via Centec, a série Como fazer isso?

Para não ficar só na retórica, gostaria de citar e defender algumas tecnologias apropriadas: 1) tecnologia da solo cal – para produção de argamassa para pavimentação de estradas e fabricação de tijolos; 2) tecnologia dos paralelepípedos – para aplicação nas cidades; 3) tecnologia do biodiesel – para o pequeno produtor rural; 4) tecnologia dos fitoterápicos; 5) tecnologias para processamento dos frutos, leite e pescado; 6) tecnologias para agricultura; 7) tecnologia das rochas ornamentais.

Há que fazer esse levantamento para que o governo, junto com Nutec, Centec, Embrapa, Universidade, Institutos, Ematerce, Sebrae, Fiec, Faec e outros, possa planejar um grande programa de extensão voltado para o empreendedorismo dos pequenos. O Ceará poderia dar esse exemplo ao País.

 

*Ariosto Holanda é deputado federal pelo PDT.