Em agenda no Rio de Janeiro, Ciro é taxativo: É hora de rua


Osvaldo Maneschy
09/05/2017

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, ex-ministro Ciro Gomes, reuniu-se nessa segunda-feira (8) com centenas de estudantes e professores na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) em palestras seguidas de debate nos auditórios absolutamente lotados do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Engenharia (Coppe), na ilha do Fundão, pela manhã , e no auditório 11, à noite, onde houve até um princípio de tumulto, tão grande era a quantidade de pessoas querendo assistir e a incapacidade de recebê-las no local.

Ciro assumiu o compromisso com as entidades estudantis e de docentes da UERJ de voltar em outra oportunidade para falar no anfiteatro da instituição. O presidenciável conheceu o Maglev, protótipo de trem desenvolvido pela Coppe que se desloca por levitação magnética.

Nas palestras, Ciro falou sobre o Brasil de hoje, sobre Temer, sobre a Lava Jato e, principalmente, sobre os caminhos para o Brasil ultrapassar o difícil momento da vida nacional que vive.

“A greve geral de 28 de abril foi a coisa mais importante que aconteceu no Brasil em muitos anos”, frisou.

Na opinião de Ciro está na hora da população mostrar, nas ruas, todo o seu descontentamento com as medidas que Temer, “chefe de quadrilha”, está implementando com a ajuda de parlamentares direitistas,, maioria atual no Congresso, mas temem a opinião das ruas.

Tanto na Coppe quanto na UERJ, Ciro fez questão de ir fundo na questão econômica – explicando que os problemas do Brasil de hoje, na verdade, são estruturais por conta do modelo econômico que beneficia o rentismo em vez do trabalho, e não apenas conjunturais. “Precisamos punir e dissuadir o rentismo. Quando o juro é mais alto que a rentabilidade dos negócios e do investimento, a economia para”, disse Gomes.

O convite de Temer para que tropas americanas participem de exercícios militares na Amazônia, nas proximidades da fronteira da Venezuela, foi classificada como “absolutamente canalha” por Ciro pelo fato de contrariem “uma política de 300 anos do Brasil” de respeito aos seus vizinhos de fronteiras. “O Barão do Rio Branco deve estar se revirando no túmulo”, acrescentou.

“Não há o menor sentido em fazer uma provocação como esta. Isto interessa a quem? Ao Brasil é que não é”, frisou. Lembrando, também, a reativação da frota do Atlântico Sul pelos EUA, tão logo o Brasil anunciou ao mundo a descoberta do pré-sal.

O pré-candidato do PDT à presidência não poupou o juiz Sérgio Moro por ter, de forma ilegal, exigido que Lula estivesse presente as audiências das 87 testemunhas que arrolou em sua defesa. “Moro poderia indeferir o pedido para convocar tantas testemunhas, mas jamais exigir a presença de Lula – porque isto é absolutamente ilegal”.

Ele criticou, ainda, o promotor Deltan Dallagnol por tentar interferir no julgamento do habeas-corpus do ex-ministro José Dirceu, pelo Supremo. “Negócio de maluco, Dallagnol quis emparedar o Supremo. Justiça se faz severa e silenciosamente, em linha com a lei” e não da forma como fez o procurador.

Sobre o bom desempenho de Lula em pesquisas, Ciro atribuiu o sucesso ao fato de que “parte importante da população acha que ele é um perseguido político, e ele é mesmo; e o povo brasileiro odeia perseguição”.

Ciro classificou a reforma da previdência proposta pelo governo Michel Temer como “solução tosca” de combate ao desequilíbrio das contas públicas e chamou a reforma trabalhista de “a fina flor da canalhice”, por querer prevalecer o negociado sobre o legislado, além de transformar “trabalho em commodity”.

Ele ainda comparou a PEC 55, a que congela os gastos públicos por 20 anos, à uma espécie de coleira de aço colocada em um filhote de gato ou cachorro que, com o tempo, irá estrangular o filhote, já que ele jamais irá parar de crescer.

“Essa PEC 55 em três a quatro anos se revelará absolutamente impraticável. Já a reforma trabalhista dá para resolver num governo novo, forte, constituído em base populares. Revoga¬se fácil, porque tem base infraconstitucional”, defendeu, ressalvando que a reforma previdenciária, “batalha que estamos vencendo”, seria bem mais difícil de ser revertida.