O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou, durante audiência pública na Câmara Federal, que a Reforma Trabalhista significa a extinção da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O debate aconteceu na tarde desta quarta-feira (5), na Câmara Federal, com a presença de juristas como o presidente da Comissão Nacional de Direitos Sociais da OAB, Raimar Machado.
Ao longo do debate, as opiniões expostas pelos convidados apontaram diferentes direções e um único consenso: o trabalhador não pode ser prejudicado. De acordo com Raimar Machado, a reforma pode ser benéfica, caso não tire direitos dos trabalhadores. “A CLT precisa ser aperfeiçoada, mas é preciso analisar se a forma e o conteúdo dessa melhoria não fere a constituição para não tirar direitos já garantidos”, alertou.
Carlos Lupi, por sua vez, foi mais incisivo, ao pontuar o entendimento do PDT acerca do verdadeiro significado da proposta na vida dos trabalhadores.
“Essa reforma é um nome diferente para ‘extinção da CLT’. Falta coragem para assumir que se quer facilitar a vida do patronato diante da crise que o país enfrenta e por o ônus na conta do trabalhador”, interpretou o pedetista. “Não tenho competência para fazer análises jurídicas, luto no campo político há 37 anos e sempre do mesmo lado. Mas não é preciso ser doutor para saber que essa proposta retira tudo que foi conquistado em favor do trabalhador”, completou.
O presidente do PDT aproveitou para lembrar a existência da crise institucional vigente e pedir aos parlamentares que não se acovardem. “O poder judiciário tem atuado muitas vezes pautado pela arbitrariedade. Paralelamente, os políticos se acuam diante da onda antipolítica propagandeada aos quatro cantos e deixam de lutar pelo que é certo, pelo que acreditam”, pontuou.
Lupi também fez questão de lembrar que a classe política se recolheu a um lugar comum onde as pregações midiáticas generalizam a corrupção. “Os editoriais não separam o joio do trigo e nós acabamos nos acovardando com medo da opinião pública. Fazem propaganda falando dos ‘benefícios’ que essas reformas vão trazer e nós esquecemos o dever de proteger o povo. A gente tem que ter coragem e defender o povo mesmo que a mídia patronal brasileira nos bombardeie e propaguem mentiras. É o nosso dever”, desabafou.
O líder do PDT na Câmara, Weverton Rocha, frisou que, embora a bancada pedetista reconheça a necessidade de mudanças, elas precisam atender aos reais anseios da população.
“Não estamos aqui dizendo que nada precisa ser mudado, mas o trabalhador, o cidadão brasileiro precisa ser muito bem informado para formar opinião a respeito das mudanças necessárias. Não estamos fazendo oposição ao Brasil, nossa oposição é ao favorecimento dos empresários, dos banqueiros, em detrimento do bem-estar do povo brasileiro”, explicou o parlamentar.
Ao encerrar a sua participação no debate, Lupi foi categórico. “Em momento de crise, precisamos pensar primeiro no cidadão, no trabalhador, no aposentado. A parte mais frágil da sociedade é a que realmente precisa de proteção do Estado. Se não, ninguém vai conseguir segurar o caos gerado pela miséria e pela fome do povo. Não duvidem, quando a fome chegar a casa do cidadão, ele vai cobrar”, finalizou o trabalhista, sob muitos aplausos.