Com 14 votos favoráveis e cinco contrários, a Comissão Especial de Impeachment (CEI) aprovou, nesta quinta-feira (4), o relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) que recomenda o julgamento de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. O parecer foi recebido nesta tarde pelo Plenário da Casa, que deve votá-lo na próxima terça-feira (9).
Ao encaminhar o voto contrário ao relatório de Anastasia, o senador Telmário Mota (PDT-RR) disse estar claro que a presidente afastada não cometeu crime algum e, por isso, os pró-impeachment divagam sobre a necessidade de cassá-la, apelando para a crise econômica.
Para ele, o maior erro de Dilma não foram as supostas pedaladas fiscais, mas sua aliança com o PMDB e outros partidos da base de seu governo, cuja maioria está hoje com o presidente interino Michel Temer. “Se você fizer uma radiografia dos que estão no poder, só tiraram a presidente Dilma”.
Telmário leu a mensagem de um eleitor de Dilma dizendo agora entender a razão pela qual a petista parecia “não saber governar, não saber negociar”: a presidente simplesmente não jogou o jogo que chamam distorcidamente de “fazer política”.
“Só agora entendemos tudo, presidente Dilma. Não é que não soubesse governar, mas simplesmente não cedia às jogatinas de um Congresso Nacional medíocre que elegemos e, hoje sabemos, está ali para fazer negócios”, disse, reproduzindo trechos da mensagem.
Plenário
A presidente Dilma só será julgada, no entanto, se o Plenário seguir o entendimento da CEI e considerar que há provas de que ela descumpriu leis fiscais e orçamentárias na edição de decretos de crédito suplementar e nos atrasos em repasses de subvenções do Plano Safra, em 2015.
A manifestação do Plenário deve ocorrer na próxima terça-feira (9), na chamada sessão de pronúncia ou impronúncia. Se a maioria simples de senadores (pelo menos 41 parlamentares) considerar que houve crime, o processo de impeachment prosseguirá até o julgamento final. Caso contrário, será arquivado e Dilma Rousseff reassume a Presidência da República.
Assista ao pronunciamento de Telmário Mota: