Hoje, dia 22 de agosto, o PDT Diversidade comemora seu primeiro ano de atuação. Amanda Anderson, presidente nacional do Movimento, esteve em Brasília na semana passada para participar do XIII Seminário LGBT do Congresso Nacional e concedeu entrevista exclusiva ao portal do PDT.
“Não queremos pedir o reconhecimento da nossa cidadania porque somos cidadãos. Queremos, sim, pedir o reconhecimento do nosso direito constitucional de exercer uma cidadania plena”, declarou a líder na abertura do evento.
Advoga, administradora e primeira vice-presidente transexual da União Nacional dos Estudantes MT/MS (UNE), Amanda é candidata a vereadora em Cuiabá e abriu precedente jurídico para candidatas travestis e transexuais ocuparem a vaga feminina, além do reconhecimento do nome social.
Em entrevista, a pedetista falou sobre a luta LGBT e a atuação do movimento que preside no Partido Democrático Trabalhista.
PDT – Como surgiu o PDT Diversidade?
Amanda Anderson – Em 2012, ingressei no PDT. A falta de um movimento voltado ao público LGBT nos partidos políticos brasileiros me chamava muito a atenção. Então, comecei o projeto buscando lideranças nos Estados, formando executivas e, em 2015, no dia 22 de agosto, concretizamos isso dentro do partido. Trouxemos o movimento de colaboração partidária PDT Diversidade, que é pioneiro no país.
PDT – De que forma atua o movimento?
Amanda – O cerne do PDT Diversidade são os Direitos Humanos. A gente busca as pautas que estão para votação no Congresso, damos o nosso palpite por meio de ofícios, desenvolvemos Projetos de Lei… Enfim, buscamos uma conscientização da população para a causa LGBT.
PDT – Muita gente está ignorante quanto o que busca o movimento LGBT. Qual o significado dessa luta?
Amanda – A luta LGBT está intrínseca no ser humano que vive essa condição. Desde sempre, lutamos. Primeiro, é preciso aceitar a si mesmo, o que é difícil quando todos te olham com reprovação. Depois, é hora de lidar com o preconceito da sociedade. O LGBT é combativo por natureza, por necessidade de sobrevivência a um mundo desigual, excludente e LGBTfóbico.
PDT – Como você chegou a presidência de um movimento como esse?
Amanda – Minha história pessoal me trouxe aqui. Sofri na minha própria família, fui expulsa de casa ainda adolescente e tive que dar a volta por cima. Todo dia na vida de um LGBT é uma luta. O simples ato de sair à rua é uma atitude de resistência e de superação. O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT. Se eu superei descriminação da família, nas universidades que cursei e na sociedade em geral, preciso continuar lutando para que essa situação mude, para que nós consigamos o que é nosso de direito, o reconhecimento como seres humanos e cidadãos.
PDT – Você é a primeira candidata transexual a vereadora em Campo Grande. De que forma está encarando essa candidatura?
Amanda – Ter disposição para enfrentar uma realidade conservadora nacional, pautas de retrocesso em todos os municípios como a lei da mordaça, escola sem partido, entre outros, requer que tenhamos representatividade na política. Não mais permitir que heterossexuais possuam nossos direitos igualitários.
Ser candidata travestis ou transexual requer coragem para lutar e enfrentar conceitos sociais seculares. Uma candidatura com essa representatividade, pela quantidade nacional de candidatos LGBTs, demonstra que não vamos desistir, vamos resistir e persistir.