O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes afirmou em Aracaju, onde participou nesta sexta-feira (6/5) da convenção estadual do PDT, juntamente com Carlos Lupi, presidente nacional do partido, que acredita no “milagre da participação popular” para reverter o resultado do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ciro também Ciro voltou a acusar Michel Temer (PMDB) de tentar “golpear o país” e avaliou que um eventual governo do peemedebista, aliado de Eduardo Cunha, será uma “tragédia” para o Brasil. O candidato do PDT à presidência convocou os brasileiros a “protegerem a democracia”; argumentou que em relação à violência contra as leis, “é preciso lutar contra ela agora”. Ciro também culpou a imprensa por não informar corretamente a população. “Parte importante da crise que estamos vivendo, a imprensa de São Paulo e do Rio subtraiu da opinião pública, porque não interessa a ninguém diminuir as culpas que se jogam contra a presidente Dilma”, disse ao ser entrevistado por Valter Lima, do blog 247, e outros jornalistas locais. “Espero que o milagre da participação popular ainda possa se fazer acontecer na hora em que este cidadão golpear o país”,, disse, referindo-se a Michel Temer, vice-presidente que se elegeu com os 54 milhões de votos destinados a Dilma. Questionado se é possível acreditar neste milagre, Ciro respondeu que não se move por crenças, mas por militância. “Me movo por militância, por dever moral e histórico de que a história vai fazer o registro de quem nessa hora foi rato, conspirou e traiu o Brasil e quem teve coragem de resistir. E veja que hoje a história nem pede que a gente se mate como Getúlio se matou para defender o povo brasileiro, nem que seja exilado como foram Leonel Brizola e João Goulart. A história só pede que a gente saia de trás do computador e ocupe, na rua, aquele espaço democrático que nos pertence. E lembrar que a democracia é um valor absolutamente supremo. Governo ruim passa ligeiro. Mas em relação à violência contra as leis, é preciso lutar contra ela agora”, frisou. Ciro convocou os brasileiros a protegerem a democracia. “O que acontece no Brasil hoje é que uma presidente eleita pelo povo contra quem não pesa nenhuma acusação do ponto de vista moral está sendo derrubada para ser substituída por políticos ladrões, corruptos e descompromissados com a questão brasileira. E isso é uma ameaça à democracia. Na prática é uma eleição indireta com um candidato único. O impeachment da presidente Dilma é um golpe, pretexto jurídico não existe. Não há crime, é uma pantomima”, disse. Ciro Gomes acusou a mídia de manipular as informações e não esclarecer corretamente a população sobre os verdadeiros culpados pela atual crise econômica. “Parte importante da crise que estamos vivendo a imprensa de São Paulo e do Rio subtraiu da opinião pública, porque não interessa a ninguém diminuir as culpas que se jogam contra a presidente Dilma”. Ele explicou: “Estou trabalhando na CSN [Companhia Siderúrgica Nacional] e dois anos atrás a gente vendia uma tonelada de minério de ferro por 190 dólares. Já chegamos a vender a mesma tonelada por 40 dólares e agora estamos vendendo a 52 dólares a tonelada. É uma diferença muito grande, diante do que já custou. Nós, quando organizamos a lei de partilha do pré-sal, vendíamos um barril de petróleo por 110 dólares, mas agora estamos vendendo a 30 dólares. Existe uma crise que vem de fora para dentro que obriga o país a vender seus produtos mais baratos, enquanto tudo o que o país compra lá fora encareceu muito. Então há um desequilíbrio nas contas do país e eles escondem isso”. Questionado sobre sua eventual candidatura a presidente em 2018, Ciro disse que precisa “pensar mil vezes” antes de se decidir, mas que está à disposição do PDT e do país. “Basicamente estamos defendendo um projeto nacional de desenvolvimento, que tem três blocos de tarefa: o primeiro para dentro, é sanear o Estado e equilibrar sua condição de financiamento das suas essencialidades, tanto da economia, que está estrangulada com a maior taxa de juros do mundo, como dos serviços públicos, em áreas como saúde, educação e segurança pública. O segundo bloco é construir um mapa por onde o país pode se desenvolver e aí o caminho são os grandes desequilíbrios do país, priorizando um programa de industrialização. E o terceiro bloco, que é o que mais me comove, é investir em gente. O Brasil tem que aumentar de forma consolidada o gasto anual por cabeça em saúde, educação e segurança ”, afirmou. Para mudar o cenário político, ele ressaltou que é preciso realizar uma reforma política através de plebiscitos e referendos. “Tem que colocar as questões nas mãos da população. O discurso político está desmoralizado, ele pasteurizou-se da direita para a esquerda. O moralismo de goela não responde aos nossos dramas. Eu defendo que o Brasil precisa de duas reformas estruturais, que têm que ser levadas a um grande debate popular e a um grande plebiscito para que tenhamos a solução nas mãos da população diretamente, e não nas mãos da representação política. Grandes reformas têm que ser feitas a luz do dia. Isso tem a ver com a reforma fiscal e a reforma política. Só povo pode resolver este problema. Defendo que um presidente forte, pela qualidade da sua eleição, faça uma grande mobilização da sociedade para discutir, em seis meses e preparar duas ou três propostas e submete-las a um referendo popular”, reforçou. Sobre suas viagens pelo país, geralmente acompanhado do presidente do PDT, explicou: “Estamos semeando hoje basicamente duas tarefas: uma delas é proteger a democracia. As pessoas ficam discutindo filigranas, protocolos, formalidades, formalismos, mas na prática o que está acontecendo no Brasil hoje é que uma presidente eleita pelo povo contra quem não pesa nenhuma acusação sob o ponto de vista moral está sendo derrubada para ser substituída pela mão de políticos ladrões, corruptos e descompromissados com a sociedade brasileira e com a questão nacional”. Ciro prosseguiu: “Na prática é uma eleição indireta com um candidato único. De outro lado, a nossa tarefa é propor caminhos de mudança, porque o governo só está desconstituído e sofrendo esta agressão porque o nosso povo está muito angustiado com os rumos da economia, da gestão moral dos negócios do Estado brasileiro. Há um erro grave e nós temos que propor uma alternativa”. Sobre o afastamento de Cunha, um repórter perguntou se ele acreditava que a demora da decisão fez parte da estratégica para consolidar o impeachment. “Não acho que o Supremo Tribunal Federal esteja neste envolvimento. As pessoas têm razão de estar aborrecidas, mas os tempos do Judiciário, a gente precisa entender. A representação do Rodrigo Janot foi em dezembro, depois entrou o recesso e as férias do Judiciário, depois tem que abrir prazo de defesa. Não existe um precedente sequer na história constitucional brasileira do tribunal afastar um deputado do seu mandato, mesmo preso”. Ciro elogiou o Supremo por ter, pela primeira vez em sua história, afastado um deputado do mandato. “É importante para o país, para o jovem, aprender que a política não é um pardieiro de pilantras e espertalhões, que se autoriza fazer o que bem entender, desde que seja um safadão impune. Não o Wesley Safadão, meu conterrâneo de quem sou fã. Estou falando de um picareta como Eduardo Cunha, um gângster. De outra parte, o impeachment é um golpe, porque o pretexto jurídico não existe. Não há o cometimento de crime de responsabilidade pela presidente Dilma. E você vê toda essa pantomima, todo este teatro onde ninguém muda um voto. Mas eu acho que muda, se o nosso povo for para a rua insertar o Senado”. Sobre se o PDT fará oposição a Temer, finalizou, na coletiva: “Evidentemente, caso se consume este golpe, o PDT, pela nossa responsabilidade, história e coerência movimentará uma oposição dura, franca, aberta e transparente contra o governo golpista do senhor Michel Temer”. CONVENÇÃO DO PDT O PDT realizou sua convenção em Sergipe nesta sexta-feira no plenário da Assembleia Legislativa. Na ocasião, Lupi também acusou o PMDB de estar patrocinando um golpe de estado, afastando a presidente sem qualquer fundamento legal. “Nós faremos oposição ao Governo Temer. Achamos que ele está promovendo um golpe contra a presidente Dilma e não temos como estar ao lado dele porque nosso lado é o do Brasil”. Lupi confirmou que o PDT terá candidatura própria a presidência, a do ex-ministro Ciro Gomes. Ciro, por sua vez, disse na convenção que o PDT seguirá a sua história e fará “uma oposição dura, franca e transparente” a Michel Temer. O presidente estadual do PDT, Fabio Henrique, aproveitou para destacar que estará junto com o governador Jackson Barreto. “Vamos estar juntos na maioria dos municípios sergipanos e a nossa relação com o governador continua inabalável, sem mágoas e sem traumas”, garantiu. Já o presidente municipal do PDT, Jorge Vieira, afirmou que o PDT continua sendo um partido forte e que fará diferença nas próximas eleições. “O PDT vem pra fazer diferença nas eleições. Vamos fazer no mínimo de dois a três vereadores em Aracaju. O partido está todo arrumadinho, saneado e organizado e junto com o presidente estadual Fábio Henrique para que possamos dar mais um passo para o fortalecimento do partido também aqui em Aracaju”, enfatizou. Veja o vídeo: <iframe src=”http://a8se.com/video/embed/97068/” width=”640″ height=”360″ frameborder=”0″ allowfullscreen></iframe>
Ciro em Sergipe: Mobilização do povo pode reverter impeachment
OM - Ascom PDT / 247 / midia