A prática política pressupõe princípios inabaláveis de comprometimento e dedicação quando não a uma causa, mas, quase sempre, a um ideário, aquilo que norteia os homens na busca por uma sociedade justa, igualitária, onde todos sejam reconhecidos tão somente pelo caráter e pela capacidade de serem solidários. É dentro desse arcabouço que surgiram e prosperaram, os partidos, agremiações de cidadãos com aspirações comuns e em defesa de todos. A identificação homem/partido pontificou na história em momentos de crucial importância para a humanidade, como durante a revolução francesa, com os girondinos e jacobinos, e a revolução russa, com o Partido Operário Social-democrata, liderado por Lênin.
No Brasil, os partidos chegaram a ostentar uma forte identificação popular durante o século passado, mas nas últimas décadas tal sentimento diluiu-se em acordos e trocas de “camisas” que acabaram por banalizar a prática política e vinculá-la apenas a negociatas. É claro que nem todos os partidos enveredaram por esse caminho. Alguns, chamados até de “dinossauros”, se mantiveram fiéis às suas idéias e princípios, mesmo a duras penas e sofrendo com defecções que, em determinados momentos, resultaram em ostracismo, caso do Partido Democrático Trabalhista (PDT).
O PDT continua um partido socialista com bases arraigadas no trabalhismo de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola. Um conceito de socialismo ligado ao conceito de liberdade que se consubstancia no estado de direito democrático e de inabalável conteúdo social, em defesa dos desassistidos, que só pode ser alcançado através do voto livre e soberano. Em função disso, estabeleceu-se um conjunto de medidas com o objetivo e fortalecer e ampliar as estruturas partidárias em todo o País. O partido vai às ruas, escolas e associações comunitárias debater com a sociedade e propõe ser um condutor de projetos que levem a uma melhoria das condições de vida de todos.
No caso de Alagoas, a situação exige certo grau de urgência em função da profunda crise que atravessamos. Com a população atemorizada pela violência, a classe política mais envolvida com tribunais do que com o desenvolvimento social e um Executivo ausente e sem autoridade para comandar, o Estado está à deriva. O porto seguro só surgirá a partir do engajamento de cada alagoano num projeto de reconstrução que envolva trabalhadores, estudantes, profissionais liberais em defesa da nossa soberania e valores que estão sendo conspurcados pela incompetência administrativa.
O Partido Democrático Trabalhista já iniciou uma campanha para soerguer Alagoas, implantando núcleos de base em cada município que terão efeito propagador e multiplicador das idéias debatidas com a comunidade. Achamos que o fortalecimento partidário é o caminho para que a sociedade comece a pensar em política não apenas a partir do referencial individual, mas tendo como lastro a noção de que as ideias podem mudar os homens.
É bonito ver um estádio de futebol lotado, com torcidas uniformizadas gritando a paixão pelo time. Mesmo que o plantel se renove a cada temporada, o torcedor não abandona seu clube de coração porque aquilo que o fez torcedor – a historia, os momentos de glória, até as derrotas – permanece. Os partidos políticos podem ser assim, poderiam voltar a ser assim. Depende de nós.
*É engenheiro e ex-governador de Alagoas