O Movimento Negro do PDT de Rondônia realizou, no início deste mês, o II Seminário Movimento Negro. O evento teve como palestrantes, o presidente da Secretaria Nacional do Movimento Negro do PDT, Ivaldo Paixão, o presidente do Movimento Negro PDT Regional, José Francisco, mais conhecido o Zeca Pedra, a administradora e militante política Carlene Batista Reges, do Movimento da Ação Mulher Trabalhista, e Professor Marco Teixeira, do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia.
Ao abrir o evento, Zeca Pedra falou da importância do encontro onde, segundo ele, seriam discutidos temas da mais alta importância para a população negra. Ele também ressaltou a honra de receber, pela primeira vez no Estado de Rondônia, o presidente Ivaldo Paixão, comandante de Marinha aposentado, que palestrou sobre o tema “O Negro no Mercado de Trabalho”.
De acordo com Paixão, a constituição do mercado de trabalho no Brasil foi pensada de forma ‘racializada’.
“A população negra foi excluída por ser considerada racialmente inferior, portanto inviável para um país moderno. O mesmo negro que foi fundamental com a força de seu trabalho para o desenvolvimento econômico e construção da nação, durante séculos de escravidão, passou a ser visto como um entrave para a nova ordem social advinda da abolição da escravatura”, disse Paixão.
Ivaldo Paixão também abordou a necessidade de se unir forças para trabalhar em prol de demandas reivindicadas na esfera estadual e municipal, para que haja o reconhecimento da sociedade e do poder público para com as causas que precisam ser discutidas em todos os âmbitos.
“Estas demandas locais devem ser levadas às discussões nacionais por se tratar de demandas dos quilombolas, barbadianos, haitianos e outras que estão ligadas diretamente a história do Estado de Rondônia”, afirmou.
“A Educação é uma importante variável na configuração da desigualdades, porém não explica as diferenças de distribuição de renda quando o nível educacional é o mesmo. O Brasil dos brancos, com índice de Desenvolvimento Humano (IDH) ocupando o 46º lugar e dos negros a 107º posição, é prova inconteste da desigualdade racial”, informou.
Para paixão, uma vez que cabe ao Estado um papel ativo e propositivo na questão racial, mais do que criminalizar o racismo, é preciso implementar políticas específicas de ações afirmativas que contemplem a diversidade racial.
“Precisamos refletir, nesse cenário, políticas públicas que diminuam as diferenças estruturais como a baixa escolaridade e, ao mesmo tempo, conscientizar a população da existência da discriminação, de forma a garantir, que a inserção e as oportunidades no mercado de trabalho ocorram de forma igualitária e justa”, refletiu.
De acordo com Paixão a mulher negra compõe a base da pirâmide no processo de exclusão social, pois ela sofre os preconceitos de gênero e raça.
A administradora e militante política Carlene Batista Reges, do Movimento da Ação Mulher Trabalhista (AMT), ministrou a palestra “Mulher Negra, Militância Política”, onde ressaltou a luta das mulheres negras por seus direitos e também sobre a importância da militância política e participação ativa da mulher negra para ocupar o seu merecido espaço na política partidária do nosso país.
A migração dos afrodescendentes para o Estado de Rondônia foi abordada pelo professor Marco Teixeira, que falou sobre “Afrodescendentes de Rondônia: História e Identidades”, pela qual explicou os quatro ciclos do processo migratório ocorrido do Estado.
Encerrando o evento, Ivaldo Paixão agradeceu o apoio do Senador Acir Gurgacz, Presidente do Diretório Estadual do PDT em Rondônia, e a todos os presentes, afirmou ter sido gratificante a oportunidade de estar em Porto Velho para falar do que gosta e sabe fazer “lutar pelos direitos e espaços com políticas públicas voltadas a igualdade racial no Brasil”.
ATP – Ascom PDT-RO / EI