O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, relator do processo que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados, deverá decidir hoje se mantém ou não a liminar que permite que Cachoeira não deponha na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o caso. Na quinta-feira passada (17), a defesa entrou com um novo pedido junto ao STF para a manutenção da liminar concedida anteriormente por Celso de Mello.
Os advogados do contraventor alegaram que não teriam tempo suficiente para analisar todos os dados sigilosos em posse da CPMI, que havia remarcado depoimento de Cachoeira para amanhã (22). O principal advogado do contraventor, Márcio Thomaz Bastos, também encaminhou na última sexta-feira (18) uma petição à CPMI solicitando cópia dos documentos sigilosos em poder da comissão e requerendo três semanas para analisá-los.
Thomaz Bastos solicitou ainda que, no decorrer desse prazo, seja possível conversar reservadamente com o Cachoeira sobre os dados obtidos. Cachoeira está preso na Papuda, em Brasília.
Na quarta-feira (16), um dia após abrir os dados secretos para a defesa de Cachoeira, a CPMI havia protocolado no Supremo um pedido de reconsideração da decisão do ministro Celso de Mello, que agora terá que analisar as duas demandas.
“Mau uso do tempo disponível”
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que integra a CPMI, esteve, na manhã de sexta-feira (18) na sala onde estão os arquivos secretos das operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal. Ao sair do local, ele disse ter constatado que os advogados de Carlos Cachoeira não estão usando o tempo disponível para a análise dos documentos. Segundo registros da comissão apresentados aos jornalistas, os advogados só estiveram na CPMI na noite de terça-feira (15) e em parte do dia de quarta-feira (16), não retornando nem quinta, nem sexta.
Miro afirmou que o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), “está colocando o ministro Celso de Mello a par de todas as informações sobre o acesso dos advogados aos documentos”. Na avaliação do deputado, com o recurso para evitar o comparecimento de Carlinhos Cachoeira à CPMI amanhã, os advogados estão adotando uma atitude protelatória
Agência Câmara