Edialeda: “Um breve ato de amizade e amor a quem se foi”

É melhor tentar e falhar, que ver a vida passar

Um breve ato de amizade e amor a quem se foi

 
por Maria Amélia Reis

Hoje é Domingo de Carnaval. Festas e mais festas por todos os lados. Vida nas ruas, vidas nas residências, vidas nas almas. Lembro em ver miinha amiga Edialeda em sua alegria, perseverança, dinamismo e solidarismo que  caracterizavam seus atos e sua vida bem vivida, sambando, seguindo os blocos de rua e levando gente como eu que pouco me entrego à folia.

 

Maior desconforto com seu passamento não foi apenas não poder consolar de perto suas netas, bisnetos e filhos que acompanhei a crescer aos quais ela tanto amou, foi sentir que a rapidez de tudo me impediu de deixar a ela o agradecimento de todos quanto, e ela sequer sabia, ajudava através do projeto na Universidade, os quilombolas queridos e os indígenas guaranis que apoiava. (Na foto, Edialeda em palestra nos EUA)

 

“Mulher” me dizia ela, “somente conhece quem ama” e, foi assim, que peguei este mote e compreendi que meu trabalho era divulgar o desconhecido, os saberes dos silenciados e descriminados a quem nos pudessem ouvir. Tive o apoio de minha reitora a professora Malvina Tuttman que aprendeu a estimar Edialeda. O trabalho cresceu com muitas dificuldades com os anjos ajudando muito. Merecemos apoio financeiro por 02 anos, mas depois … o MEC preferiu outras velhas idéias, mas aqui estamos e nosso anjo agora no céu nos dará cobertura… é mais um anjo e dos bons a colaborar com causas justas e humanitárias.

 

É duro entendermos de pronto quanto pouco vale um tempo de vida. Por isso dever ser ela bem vivida, bem amada e com-vivida. E, disso, Edilaleda nada negou ao viver. Cresceu pobre, mestiça muitas vezes lembrando suas histórias com o avô espanhol a lhe contar histórias de um país distante que a ajudavam a dormir. Histórias que repassou a seus filhos e filha, que Deus cedo levou, netas e bisneto.

 

Da última vez que nos falamos, em Novembro, próximo ao seu almoço de confratenização das mulheres de fim de ano, convidou-me a estar no lançamento de seu livro de poesias – era poeta também, a nossa aguerrida guerreira -,em 08 de Maio de 2010, e depois ficar para os festejos de seu aniversário que seria/será comemorado em Roma à convite de amigos italianos. Planos forjados mas não findados pois o livro lá está e esperamos que muitos de nós possa lá estar.

 

Muito já se disse de nossa querida amiga, que somente agora pude falar pois o mutismo foi minha salvação para a surpresa. Eu apenas gostaria de colocar aqui a minha emoção e apresso pela pessoa que sempre esteve junto a mim em meus empreendimentos vibrando com todos os meus sucessos e de todos a quem formava.

 

Edialeda foi valente e perseverante, amiga incondicional de Brizola, de seus filhos e toda sua família, amiga de Darcy Ribeiro, Manoel Dias, Cristovam Buarque, Maneschy, Carlos Lupi de quem conseguiu projetos de melhoria para os trabalhadores, o amigo comum Paulo Ramos ao qual se alinhava para as próximas eleições.  Enfim, não quero ser injusto com tantos que a apreciavam, estimavam e respeitavam, mas muitos seriam os nomes a serem lembrados. Quero ressaltar, apenas o fato de que de alguma forma o PDT não lhe soube dar o mérito que merecia, um apoio incontido a uma candidatura vitoriosa em que certamente seu dinamismo e articulações políticas nacionais e internacionais ajudariam ao nosso povo.

 

A maior emoção sentida por mim  e ela, foi quando da apresentação do CIEP Glauber Rocha no evento de 1º de Setembro, na UNIRIO, alunos, professores e um animador cultural excepcional mudaram o tom do evento trazendo conhecimentos e o projeto político pedagógico materializado em meio a muita emoção, amor , talento ufanismos e credibilidade por uma escola integral de qualidade social que deixamos todos que desmoronasse. Brizola e Darcy se fizeram presentes. Choramos juntas, invadimos o palco e nos abraçamos a todos.

 

O “CIEP que funciona” superou a tudo e a todos, mostrando aos portugueses e a vice-reitora de Coimbra que lá estava ( O PDT não estava representado) o que o PDT falava de educação Integral, bem diferente disso que o MEC nos quer colocar boca a dentro fantasiado de educação integral e deslocado para uma secretaria da diversidade, como se a educação em tempo e educação integrais fosse algo alternativo e não da competência da agenda central do MEC a ser implementada em toda  rede com o dinheiro que rola solto em Brasilia.

 

Termino com uns versos de Martin Luther King, que serve de medida a toda a vida na terra de nossa guerreira

 

"É melhor tentar e falhar,

que fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar,

que em dias tristes em preocupar-se ver a vida passar.

É melhor tentar, ainda que em vão,

que sentar-se casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco,

que em conformidade viver..."

 


  em paz, amiga      IGUATAPORà         (Boa sorte em sua caminhada, expressão guarani de date logo, ou até quando…)

 


(*) Maria Amelia Reis, integrante do Movimento Negro do PDT, é profª Doutora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO e Investigadora visitante da Universidade de Coimbra.

 

(*)2. Com carinho de Drª Maria Manuela Augusto (Deputada da Assembleia da República Portuguesa, sua amiga de coração)

 

 


É melhor tentar e falhar, que ver a vida passar


Um breve ato de amizade e amor a quem se foi


 
por Maria Amélia Reis


Hoje é Domingo de Carnaval. Festas e mais festas por todos os lados. Vida nas ruas, vidas nas residências, vidas nas almas. Lembro em ver miinha amiga Edialeda em sua alegria, perseverança, dinamismo e solidarismo que  caracterizavam seus atos e sua vida bem vivida, sambando, seguindo os blocos de rua e levando gente como eu que pouco me entrego à folia.


 


Maior desconforto com seu passamento não foi apenas não poder consolar de perto suas netas, bisnetos e filhos que acompanhei a crescer aos quais ela tanto amou, foi sentir que a rapidez de tudo me impediu de deixar a ela o agradecimento de todos quanto, e ela sequer sabia, ajudava através do projeto na Universidade, os quilombolas queridos e os indígenas guaranis que apoiava. (Na foto, Edialeda em palestra nos EUA)


 


“Mulher” me dizia ela, “somente conhece quem ama” e, foi assim, que peguei este mote e compreendi que meu trabalho era divulgar o desconhecido, os saberes dos silenciados e descriminados a quem nos pudessem ouvir. Tive o apoio de minha reitora a professora Malvina Tuttman que aprendeu a estimar Edialeda. O trabalho cresceu com muitas dificuldades com os anjos ajudando muito. Merecemos apoio financeiro por 02 anos, mas depois … o MEC preferiu outras velhas idéias, mas aqui estamos e nosso anjo agora no céu nos dará cobertura… é mais um anjo e dos bons a colaborar com causas justas e humanitárias.


 


É duro entendermos de pronto quanto pouco vale um tempo de vida. Por isso dever ser ela bem vivida, bem amada e com-vivida. E, disso, Edilaleda nada negou ao viver. Cresceu pobre, mestiça muitas vezes lembrando suas histórias com o avô espanhol a lhe contar histórias de um país distante que a ajudavam a dormir. Histórias que repassou a seus filhos e filha, que Deus cedo levou, netas e bisneto.


 


Da última vez que nos falamos, em Novembro, próximo ao seu almoço de confratenização das mulheres de fim de ano, convidou-me a estar no lançamento de seu livro de poesias – era poeta também, a nossa aguerrida guerreira -,em 08 de Maio de 2010, e depois ficar para os festejos de seu aniversário que seria/será comemorado em Roma à convite de amigos italianos. Planos forjados mas não findados pois o livro lá está e esperamos que muitos de nós possa lá estar.


 


Muito já se disse de nossa querida amiga, que somente agora pude falar pois o mutismo foi minha salvação para a surpresa. Eu apenas gostaria de colocar aqui a minha emoção e apresso pela pessoa que sempre esteve junto a mim em meus empreendimentos vibrando com todos os meus sucessos e de todos a quem formava.


 


Edialeda foi valente e perseverante, amiga incondicional de Brizola, de seus filhos e toda sua família, amiga de Darcy Ribeiro, Manoel Dias, Cristovam Buarque, Maneschy, Carlos Lupi de quem conseguiu projetos de melhoria para os trabalhadores, o amigo comum Paulo Ramos ao qual se alinhava para as próximas eleições.  Enfim, não quero ser injusto com tantos que a apreciavam, estimavam e respeitavam, mas muitos seriam os nomes a serem lembrados. Quero ressaltar, apenas o fato de que de alguma forma o PDT não lhe soube dar o mérito que merecia, um apoio incontido a uma candidatura vitoriosa em que certamente seu dinamismo e articulações políticas nacionais e internacionais ajudariam ao nosso povo.


 


A maior emoção sentida por mim  e ela, foi quando da apresentação do CIEP Glauber Rocha no evento de 1º de Setembro, na UNIRIO, alunos, professores e um animador cultural excepcional mudaram o tom do evento trazendo conhecimentos e o projeto político pedagógico materializado em meio a muita emoção, amor , talento ufanismos e credibilidade por uma escola integral de qualidade social que deixamos todos que desmoronasse. Brizola e Darcy se fizeram presentes. Choramos juntas, invadimos o palco e nos abraçamos a todos.


 


O “CIEP que funciona” superou a tudo e a todos, mostrando aos portugueses e a vice-reitora de Coimbra que lá estava ( O PDT não estava representado) o que o PDT falava de educação Integral, bem diferente disso que o MEC nos quer colocar boca a dentro fantasiado de educação integral e deslocado para uma secretaria da diversidade, como se a educação em tempo e educação integrais fosse algo alternativo e não da competência da agenda central do MEC a ser implementada em toda  rede com o dinheiro que rola solto em Brasilia.


 


Termino com uns versos de Martin Luther King, que serve de medida a toda a vida na terra de nossa guerreira


 


“É melhor tentar e falhar,


que fazendo nada até o final.


Eu prefiro na chuva caminhar,


que em dias tristes em preocupar-se ver a vida passar.


É melhor tentar, ainda que em vão,


que sentar-se casa me esconder.


Prefiro ser feliz, embora louco,


que em conformidade viver…”


 



  em paz, amiga      IGUATAPORà         (Boa sorte em sua caminhada, expressão guarani de date logo, ou até quando…)


 



(*) Maria Amelia Reis, integrante do Movimento Negro do PDT, é profª Doutora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO e Investigadora visitante da Universidade de Coimbra.


 


(*)2. Com carinho de Drª Maria Manuela Augusto (Deputada da Assembleia da República Portuguesa, sua amiga de coração)