Ato político reafirma confiança na democracia
O PDT registrou em ato político nesta-terça (8/9) os 30 anos do retorno de Leonel Brizola do exílio, ocorrido em 6 de setembro de 1979, em Foz do Iguaçu. Com a presença do Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, do ex-governador Alceu Collares e da socióloga Lícia Peres, uma das líderes do Movimento pela Anistia, o partido e a bancada na Assembleia Legislativa reafirmaram a importância da defesa da democracia. Não queremos mais anistia porque não queremos que nenhum brasileiro seja exilado, resumiu Carlos Lupi, que é presidente nacional licenciado do PDT.
O presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Jr., destacou a necessidade de resgatar essa memória histórica e atuar no sentido de fortalecer as instâncias democráticas, para que nunca sejam ameaçadas, como aconteceu com o golpe militar e com brasileiros dignos, como Brizola.
Atenção internacional
Em seu depoimento, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, revelou algumas confidências de Brizola nos últimos 12 anos de convivência com o líder trabalhista. Como a convicção do ex-governador de que o processo da anistia se iniciou em 1977, quando foi com d. Neusa, em Montevidéo, até a embaixada americana pedir asilado aos Estados Unidos. Ameaçado de morte, Brizola resolveu testar a eficácia da política de direitos humanos de Jimmy Carter. E deu certo, ele escreveu de próprio punho o pedido de asilo político e o fax foi recebido por Carter, na Casa Branca, que imediatamente autorizou, contou Lupi. Brizola estava convencido de que esse episódio deflagrou uma espécie de pré-anistia, uma vez que deu visibilidade internacional a situação que ele estava vivendo. De Nova Iorque, Brizola partiu para Lisboa, onde permaneceu até o retorno, em 1979. Lupi também revelou que Brizola reconhecia o gesto do presidente João Figueiredo, que numa conversa telefônica antecipou que assinaria o ato de anistia.
Brizola dizia que o exílio fez dele um apátrida, que era recebido com desconfiança no país onde se encontrava e não podia retornar ao seu próprio país. A história de Brizola tem que servir de modelo para que nunca mais se repita, disse Lupi, para quem é preciso apurar as circunstância da morte de Jango no exílio. Ele foi assassinado e até hoje isso não foi admitido, afirmou.
Soberania nacional
O ministro do Trabalho alertou que o país está vivendo um momento de reafirmação da sua soberania através do pré-sal, é a segunda conquista do Petrólo é Nosso, referindo-se a histórica campanha liderada por Getúlio Vargas que resultou na criação da Petrobras. Pediu a atenção do PDT para esta questão, uma vez que a determinação do presidente Lula em garantir exclusividade para a Petrobras na exploração do pré-sal está provocando as forças conservadoras e seus interesses econômicos. Temos que acompanhar esse processo e os interesses que estão envolvidos, isso é fundamental para o futuro das próximas gerações, avisou. Segundo Lupi, o marco regulatório é uma questão de soberania nacional.
Referência do trabalhismo
Autor da iniciativa, o deputado Gerson Burmann, que é líder partidário da bancada do PDT, disse que é preciso reavivar o simbolismo da volta de Brizola ao país. Ele voltou como a referência do trabalhismo, para dar continuidade ao projeto de Nação que a ditadura interrompeu, afirmou o deputado, que esteve em São Borja no histórico comício de 7 de setembro de 1979, onde milhares de pessoas se reuniram para receber Leonel Brizola. A família Burmann, em Ijuí, sofreu perseguição dos militares durante a ditadura.
Pela Ação da Mulher Trabalhista se manifestou a dirigente nacional, Miguelina Vecchio, que lembrou mulheres como Lícia Peres e Mila Cauduro, que lideraram a luta pela anistia no Rio Grande do Sul. Lembrou, também, de d. Neusa Brizola, pela resistência ao lado do marido nos 15 longos anos de exílio.
A socióloga Lícia Peres fez um breve histórico da luta pela anistia, destacando a resistência de alguns setores que não queriam a volta de todos os cassados. Ela e o marido, o jornalista e ex-prefeito de Porto Alegre Glênio Peres, estiveram com Brizola no exílio, em Lisboa, em 1976. Para Licia, Brizola foi um exemplo de político comprometido com a inclusão social.
Durante mais de 30 minutos o ex-governador Alceu Collares fez uma análise da importância do trabalhismo na construção da identidade nacional, ressaltando que o PDT é o herdeiro dessa história. Para Collares, Brizola é a síntese do trabalhismo e dos seus fundamentos. Lembrou as obras deixadas por Getúlio Vargas, citou a coragem de Jango em assumir o compromisso com as reformas de base que até hoje não foram realizadas e pediu aos dirigentes do PDT que assumam com mais vigor a defesa das escolas de tempo integral, para homenagear Brizola e reverenciar o homem público que mais investiu em educação. Collares, ao governar o Rio Grande do Sul (1990/1994), construiu 94 escolas de tempo integral.
Diversos líderes trabalhistas que conviveram com Leonel Brizola prestaram depoimento no evento, especialmente aqueles que estiveram próximos do líder trabalhista, como o ex-deputado Ney Ortiz Borges, que foi líder de Jango na Câmara Federal, o professor Antônio de Pádua Ferreira, que fundou o PTB com 1945 com Getúlio Vargas, o coronel Nehme, que foi chefe da Casa Civil no governo Brizola no Rio Grande do Sul, e diversas outras autoridades. O prefeito de Taquara, Délcio Hugentobler, avisou que o município está inaugurando uma escola de tempo integral. Em Alvorada também está sendo construído um CIEP que terá o nome de Leonel Brizola.
O deputado Pompeo de Mattos declamou uma poesia de sua autoria sobre Brizola.
Participaram do evento os deputados Adroaldo Loureiro, líder da bancada, Giovani Cherini, Gilmar Sossella, Gerson Burmann, Kalil Sehbe, o vice-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, o deputado Pompeo de Mattos e o deputado Adão Villaverde (PT), representando o presidente estadual do PT, Olívio Dutra.
O ato político se encerrou com uma saudação de parabéns ao ex-governador Alceu Collares, que ontem (7) completou 82 anos.
Francis Maia (Ascom PDT/RS)