Boechat, Miro Teixeira, Kfouri e Bucci comentam pesquisa da Fenaj
Com mais de 50 comentários no Comunique-se, a matéria desta terça (24/09) Brasileiros defendem diploma para jornalistas chamou a atenção da comunidade do Portal. Para saber o que pensam profissionais ligados diretamente ao tema, convidamos Ricardo Boechat, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), Juca Kfouri e Eugênio Bucci para falar sobre a pesquisa da Fenaj/Sensus.
A pesquisa, com 2 mil entrevistados em todo o País, retratou que os brasileiros são favoráveis à obrigatoriedade do diploma e à criação de um Conselho Federal de jornalismo. Quando se questionou sobre a credibilidade das notícias veiculadas, a população, no entanto, foi comedida. Menos da metade acredita no que é publicado, no que escuta ou no que vê.
Ricardo Boechat, da Band, não completou o 2º grau. Fui trabalhar, cuidar da vida, conta. Para Boechat, o diploma não deveria ser um dado impeditivo. Não entendo que ao jornalismo tenha que se impor um pretenso conteúdo específico, disse o jornalista.
O também radialista da BandNews FM argumenta que a faculdade seria interessante do ponto de vista humano. Para a cidadania, a discussão, o debate, afirmou.
O jornalista não se surpreendeu com mais da metade dos entrevistados não acreditar piamente nas matérias publicadas. Prefiro uma opinião pública que desconfia do que confia, disse. Boechat acredita que o jornalismo está na média nacional de credibilidade de outras instituições públicas, como o Poder Judiciário e o Parlamento. Não merecemos mais do que isso, não, finalizou.
Juca
Colunista da Folha, e apresentador da CBN e da ESPN, Juca Kfouri pondera a declaração de Boechat. Eu sou a favor do diploma, mas contra a obrigatoriedade. Para o jornalista, todo e qualquer profissional que tivesse ensino superior poderia atuar na profissão.
Kfouri é contra, também, à instauração de um Conselho Federal de jornalismo, como prevê o projeto do deputado Celso Russomano (PP-SP). A regulamentação da profissão de jornalista deve ser feita pela sociedade civil, sem ingerência do governo, disse.
Mas ele, diferentemente de Boechat, se surpreendeu com os dados de credibilidade. Para ele, a falta dela atribuída à imprensa se dá pelos garotos-propaganda. Há muitos jornalistas que vendem produtos e não só no jornalismo esportivo, comentou.
Bucci
O jornalista Eugênio Bucci diz que a questão do diploma é secundária. Mas ressalva que, com a profissionalização do jornalismo, o padrão da profissão elevou-se.
Para ele, o índice de credibilidade em 42,7% por parte da população é elevado. É uma boa notícia, disse.
Miro Teixeira
O deputado e jornalista Miro Teixeira é voz dissonante. Acredita que o diploma deva ser obrigatório. O direito da informação é o direto da população a uma informação qualificada, disse. Para ele, a evolução dos conceitos remete a um aperfeiçoamento da mão-de-obra, que incluiria a realização de uma faculdade. Mas Miro Teixeira faz uma ressalva: colunistas e comentaristas não precisariam ter o diploma. Você vê, é o máximo o Oscar falando de basquete, por exemplo, ressaltou.
Assim como Bucci, Miro Teixeira se diz admirado com o resultado da pesquisa no quesito credibilidade. O número é surpreendentemente alto quando se faz uma pergunta seca à população, no tratamento genérico dado à imprensa, sem se especificar rádio, TV, jornal ou internet.
Sobre a criação de um Conselho Federal, o deputado é contra. Sou contra a qualquer forma de controle da atividade, disse. E citou Maquiavel: Quem regulamenta protege os próprios interesses, afirmou Miro Teixeira.
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