Documentos da CIA repercutem no mundo



28/06/07- Muitas pessoas, que não estão obrigadas a ir a fundo na informação, não levavam a sério as denúncias de que a CIA, Central Inteligence Agency, o maior centro da arapongagem do mundo, armou cerca de 200 atentados contra a vida Fidel Castro e assassinou líderes políticos,como Parice Lumumba, do Congo, e outros.
Agora, quando são liberados (o termo em inglês é declassify) mais de 11 mil páginas de documentos mostrando algumas das atividades da CIA, entre os anos 1960 e 1970 (o internauta poderá acessá-los no site www.cia.gov), fica claro o real alcance do trabalho da agência americana. Pode-se também dar algum crédito às denúncias do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que a CIA está tentando matá-lo e que os Estados Unidos preparam uma invasão a seu país. 

Muito a propósito , o jornal Folha de S. Paulo , publica em sua edição de hoje (só para assinantes) reportagem do jornalista Sérgio Dávila, enfocando a arapongagem da CIA durante o Governo João Goulart (1961-1963), no Brasil. Segundo o jornal, a CIA tinha o Brasil como "o maior alvo" do comunismo na América Latina, e o presidente João Goulart, "um oportunista que ascendeu ao governo com o apoio da esquerda e tenta, desde então, aumentar seu poder pessoal ao fazer concessões, alternadamente, à direita é à esquerda". 

Já Leonel Brizola se tornou "o líder demagogo antiamericano" brasileiro, "com propaganda fortemente financiada por industriais nacionalistas".

"É nesse contexto que entra o Brasil, um dos países em que os "dissidentes pró-chineses" são os que mais se fortalecem dentro dos Partidos Comunistas nacionais, segundo o texto, escrito em novembro de 1963. É ali que está o "grande, semilegal e ortodoxo Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderado por Luís Carlos Prestes", que por anos tenta "com algum sucesso" expandir sua rede de influência.
"Para tanto, afirma a CIA, o líder usa "uma complexa rede de relações com forças esquerdistas extremamente diversas e forças nacionalistas". A análise de 172 páginas é intitulada "A Luta Sino-Soviética em Cuba e o Movimento Comunista na América Latina", e a parte brasileira está num apêndice sobre a preocupação principal: Cuba.

Depois de citar o então presidente brasileiro e seu "genro" (na verdade, cunhado) Brizola, o texto elenca "o deputado federal Antonio Garcia, que tentou usar a organização dos sargentos militares que liderou para avançar a causa da esquerda e contra os EUA; Francisco Julião, advogado que lidera uma liga camponesa em Pernambuco com estreitas ligações com Castro; Miguel Arraes, novo governador de Pernambuco, fortemente pró-comunista, mas que aparentemente ainda não é sujeito à disciplina" do partido.
A vida política brasileira é "bem complicada", admite o documento, para então citar a ambigüidade histórica de Goulart em relação ao PCB e depois dizer que Julião e Prestes visitaram Cuba em 1963, após Fidel cortar a ajuda financeira que dava e "numa tentativa aparente de coordenar as ações [brasileiras] com os soviéticos".

"Outro documento , "A Igreja Engajada e a Mudança na América Latina", de 60 páginas, divide a presença e a ação da Igreja Católica no continente entre "reacionários" e "progressistas". No segundo caso está dom Hélder Câmara, "provavelmente o mais dramático e amplamente conhecido".
"Seu forte é fazer publicidade e exigir publicamente reformas, sem oferecer soluções práticas para os problemas que ele cita", afirma a CIA, "uma tática que provavelmente afasta mais os não-alinhados do que os atrairá". O texto cita ainda a TFP brasileira como uma das organizações reacionárias líderes da América Latina, "que recebe apoio de empresários interessados em suprimir influências reformistas na igreja brasileira".
"Visto mais de quatro décadas depois, os textos menos fazem revelações do que atestam o óbvio. O que chama mais a atenção é o uso liberal de adjetivos ao se referir a líderes e personalidades estrangeiras (chamar o presidente brasileiro de "oportunista" publicamente criaria um incidente diplomático então), daí o secretismo à época", conclui a reportagem da Folha.


Veja também: 

Entrevista com João Vicente Goulart ao jornal O Globo

Golpe de 64: relatórios provam ajuda dos EUA 

Duas observações

Novíssima entrevista de "Cabo" Anselmo

As gravações (e a manobra de Kennedy)

Site da CIA: veja os documentos originais
        



28/06/07- Muitas pessoas, que não estão obrigadas a ir a fundo na informação, não levavam a sério as denúncias de que a CIA, Central Inteligence Agency, o maior centro da arapongagem do mundo, armou cerca de 200 atentados contra a vida Fidel Castro e assassinou líderes políticos,como Parice Lumumba, do Congo, e outros.
Agora, quando são liberados (o termo em inglês é declassify) mais de 11 mil páginas de documentos mostrando algumas das atividades da CIA, entre os anos 1960 e 1970 (o internauta poderá acessá-los no site www.cia.gov), fica claro o real alcance do trabalho da agência americana. Pode-se também dar algum crédito às denúncias do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que a CIA está tentando matá-lo e que os Estados Unidos preparam uma invasão a seu país. 

Muito a propósito , o jornal Folha de S. Paulo , publica em sua edição de hoje (só para assinantes) reportagem do jornalista Sérgio Dávila, enfocando a arapongagem da CIA durante o Governo João Goulart (1961-1963), no Brasil. Segundo o jornal, a CIA tinha o Brasil como “o maior alvo” do comunismo na América Latina, e o presidente João Goulart, “um oportunista que ascendeu ao governo com o apoio da esquerda e tenta, desde então, aumentar seu poder pessoal ao fazer concessões, alternadamente, à direita é à esquerda”. 

Já Leonel Brizola se tornou “o líder demagogo antiamericano” brasileiro, “com propaganda fortemente financiada por industriais nacionalistas”.

“É nesse contexto que entra o Brasil, um dos países em que os “dissidentes pró-chineses” são os que mais se fortalecem dentro dos Partidos Comunistas nacionais, segundo o texto, escrito em novembro de 1963. É ali que está o “grande, semilegal e ortodoxo Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderado por Luís Carlos Prestes”, que por anos tenta “com algum sucesso” expandir sua rede de influência.
“Para tanto, afirma a CIA, o líder usa “uma complexa rede de relações com forças esquerdistas extremamente diversas e forças nacionalistas”. A análise de 172 páginas é intitulada “A Luta Sino-Soviética em Cuba e o Movimento Comunista na América Latina”, e a parte brasileira está num apêndice sobre a preocupação principal: Cuba.

Depois de citar o então presidente brasileiro e seu “genro” (na verdade, cunhado) Brizola, o texto elenca “o deputado federal Antonio Garcia, que tentou usar a organização dos sargentos militares que liderou para avançar a causa da esquerda e contra os EUA; Francisco Julião, advogado que lidera uma liga camponesa em Pernambuco com estreitas ligações com Castro; Miguel Arraes, novo governador de Pernambuco, fortemente pró-comunista, mas que aparentemente ainda não é sujeito à disciplina” do partido.
A vida política brasileira é “bem complicada”, admite o documento, para então citar a ambigüidade histórica de Goulart em relação ao PCB e depois dizer que Julião e Prestes visitaram Cuba em 1963, após Fidel cortar a ajuda financeira que dava e “numa tentativa aparente de coordenar as ações [brasileiras] com os soviéticos”.

“Outro documento , “A Igreja Engajada e a Mudança na América Latina”, de 60 páginas, divide a presença e a ação da Igreja Católica no continente entre “reacionários” e “progressistas”. No segundo caso está dom Hélder Câmara, “provavelmente o mais dramático e amplamente conhecido”.
“Seu forte é fazer publicidade e exigir publicamente reformas, sem oferecer soluções práticas para os problemas que ele cita”, afirma a CIA, “uma tática que provavelmente afasta mais os não-alinhados do que os atrairá”. O texto cita ainda a TFP brasileira como uma das organizações reacionárias líderes da América Latina, “que recebe apoio de empresários interessados em suprimir influências reformistas na igreja brasileira”.
“Visto mais de quatro décadas depois, os textos menos fazem revelações do que atestam o óbvio. O que chama mais a atenção é o uso liberal de adjetivos ao se referir a líderes e personalidades estrangeiras (chamar o presidente brasileiro de “oportunista” publicamente criaria um incidente diplomático então), daí o secretismo à época”, conclui a reportagem da Folha.


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