No encontro de Manaus, que reuniu mais de 400 pedetistas de vários municípios do Amazonas, o presidente Carlos Lupi lembrou as lutas de Vargas, de Jango e de Brizola na construção do Trabalhismo, pela industrialização do Brasil, pelas reformas de base e pela Educação ao saudar o recente ingresso no partido do Prefeito Amazonino Mendes.
Destacou que vários partidos disputaram a sua filiação, mas ele optou pelo “reencontro com as suas origens políticas” em um momento especialíssimo de sua vida, por conta da experiência acumulada pelo exercício de vários mandatos. Exaltou o fato de Amazonino, agora, também ser um militante dessas causas históricas.
“As bandeiras trabalhistas terão agora aqui no Amazonas, entre os seus defensores, o caboclo Amazonino para alegria, lá no céu – de Getúlio, Jango e Brizola – os grandes líderes do Trabalismo”. Lupi anunciou também a realização em futuro próximo, em data ainda a ser marcada, em parceira com Amazonino Mendes – de um grande seminário envolvendo técnicos e estudiosos da Amazônia para discutir o presente e as perspectivas futuras da região – uma das mais cobiçadas do planeta.
Dermilson Chagas, secretário-geral do PDT-AM, também saudou o ingresso de Amazonino – complementando fala de Stones Machado – argumentando que Amazonino chegava ao PDT modestamente, “com o intuito de somar, de fortalecer e de honrar o partido, que continua aberto a todos e de cara limpa”.
Antes passar a palavra a Amazonino, Stones lembrou que toda a cerimônia ali em Manaus estava sendo transmitida via web pela Rádio Legalidade também em FM, só para Manaus, pela rádio FM 88.01.
Na sua fala Amazonino fez questão de lembrar que começou sua vida política militando no movimento estudantil em 1961, “quando ainda era um menino”, engajando-se na luta do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, pela Legalidade contra a tentativa de golpe para usurpar o poder e impedir a posse do Vice-Presidente João Goulart.
Amazonino historiou os fatos destacando a posição firme e decidida de Brizola, que só depois pode contar com o apoio do governador de Goiás, Mauro Borges, e do governador do Piaui. “Somei naquela luta como estudante, aqui em Manaus, luta que não sabíamos qual seria o desfecho onde o principal era o sentimento, o dever da luta que nos levou às ruas e obrigou o governador do Amazonas, pressionado pelas manifestações, a ser o quinto estado a somar-se à campanha da Legalidade”.
Naquele momento difícil da vida brasileira “eu estava lá, na linha de frente, ajudando a organizar a resistência aqui no Norte do Brasil”. Sobre o fato de ter passado por tantos partidos e agora ter optado pelo PDT, voltando a sua origem, explicou que optou pelo PDT devido “a mesmice partidária” que existe hoje no Brasil onde o PDT, embora de porte médio, seja um partido que chama a atenção pela sua atuação coerente na vida política brasileira, fiel as suas origens. “O PDT se mantém fiel as suas origens, passando incólume pela história política contemporânea do Brasil”, assinalou.
“A fala técnica e entusiasmada de Manoel Dias há pouco, ao me anteceder, listando os diferentes e modernos recursos a que o PDT recorre para para captar militantes, difundir suas bandeiras e se fortalecer na base usando como instrumento os ideais de Brizola diferenciam o PDT dos demais partidos políticos – que vivem a mesmice que relatei”.
Amazonino lembrou a trajetória de Vargas e o tiro no coração que disparou na crise de agosto de 1954 para impedir o golpe de estado que estava já nas ruas, como um episódio único na histórica política brasileira e mundial, que precisa ser exaltado como exemplo de dignidade e de fidelidade a princípios políticos. “Vargas, com um único tiro, venceu um golpe de estado e manteve-se fiel ao que acreditava – um exemplo fantástico, um fato histórico que mostra a sua grandiosidade política e a grandiosidade de seu projeto de fazer o Brasil um país soberano”, luta que João Goulart e Brizola levaram adiante.
O prefeito de Manaus anunciou que não será candidato à reeleição e que pretende, no futuro imediato, assim que terminar a sua atual gestão na Prefeitura, se dedicar integralmente à construção do PDT amaozonense porque, na sua visão, é necessário servir ao partido e não se servir dele. Acrescentou que não será candidato “para não deixar coisas pela metade, especialmente o novo sistema de ônibus urbanos de Manaus, que está sendo totalmente modernizado, e a reestruturação total da rede pública municipal de saúde”.
“Espero que minha atitude ajude e dignifique o PDT”, assinalou, explicando que muitos políticos agem “como se fossem donos do povo” e que este não é o seu caso. Ao encerrar, desejou sorte a Lupi e a Manoel Dias na tarefa de fortalecer nacionalmente o PDT, colocando-se à disposição dos dois, como subordinado disciplinado, na tarefa de fortalecer o partido no Estado do Amazonas.
JORNAL “A CRITICA”, DE MANAUS
Já o jornal “A Crítica”, de Manaus, disse que o prefeito Amazonino Mendes (PDT), ao negar novamente que é candidato à reeleição este ano, “demonstrou estar de olho na eleição para Governo do Estado em 2014”. A declaração foi dada durante a convenção estadual do PDT. “É preciso que se diga que a prefeitura não é a última instância do PDT. O PDT tem condição para ter governador do Estado”, avisou.
Ainda de acordo com o jornal, “discursando para militantes do PDT com atuação na capital e no interior, Amazonino garantiu total envolvimento nas eleições deste ano, mesmo abdicando de concorrer à reeleição em Manaus”.
— Quero deixar claro que o fato de não ser candidato não significa que o processo político estará abandonado por Amazonino. Pelo contrário, vocês vão ver um gigante lutando pelo partido em todo o Estado, prometeu o prefeito.
Amazonino lembrou, ainda de acordo com “A Critica”, que nas vezes em que falou que não iria ser candidato, manteve o discurso. Lembrou da eleição de 2006 para o Senado Federal, e do processo eleitoral para Governo do Amazonas em 2010. Segundo o prefeito, nas duas ocasiões apostavam que ele seria candidato. O que não se concretizou.
Para Amazonino, continuou o jornal, a administração dele à frente da Prefeitura de Manaus iria parar se ele lançasse candidatura à reeleição.
“Agora me procuram sobre reeleição. Mas eu digo com clareza que não quero. É uma honra ser prefeito, mas acima das minhas ambições está a minha biografia. Tenho que concluir minha obra. Não posso sair da prefeitura sem deixar um legado de obras, como sempre fiz”, disse o prefeito.
Segundo ele, escreveu o jornal, ainda não é possível dizer se o PDT terá candidato a prefeito em Manaus, e quem poderia ser esse nome.
“É um assunto que a gente ainda não tratou. Depende muito dos nomes”, comentou Amazonino. Para ele, a escolha não vai ser fácil.
“Torço para que venha uma pessoa séria, equilibrada. Por que a prefeitura requer um administrador, não um político. Político a gente tem muitos. Agora, com capacidade administrativa para enfrentar isso aí (Prefeitura de Manaus) que é o problema”, avaliou o prefeito.
Rompido com o deputado Sabino Castelo Branco, presidente regional do PTB, Amazonino Mendes ingressou no PDT em setembro de 2011. Como maior nome da sigla no Estado, ele prometeu “agigantar” o novo partido. “Condenaram esse partido a ser um partido pequeno. Chegou o momento do PDT se agigantar. Vem um PDT novo”, disparou à época.
Para criar musculatura política para participar da corrida eleitoral ao Governo do Estado em 2014, acrescenta “A Critica”, o PDT vai ter que se empenhar em eleger o maior número possível de prefeitos no interior este ano. A tarefa não é fácil. Com exceção de Manaus, a sigla não administra nenhuma prefeitura no Amazonas.
Atualmente, a sigla tem apenas dois vice-prefeitos: Messias Cursino, em Parintins, e Ednilson Litaiff, em Alvarães. Nas Câmaras municipais do interior, o PDT é dono de 22 cadeiras.
Em Manaus, a sigla tem seis vereadores: Francisco da Jornada, Gilmar Nascimento, Luiz Alberto Carijó, Wilton Lira, Dr. Denis e Marize Mendes, irmão do prefeito Amazonino Mendes. Jornada foi o único vereador a participar da convenção estadual realizada pelo PDT, ontem.
por Osvaldo Maneschy